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Diário da Câmara dos Deputados

j Que vergonha! Que infâmia! Já neri dentro do próprio Estado1 os governos da República, alcançam crédito para as suas dívidas!

Apoiados.

^E quem são os responsávies contra quem temos de manifestar a nossa ro-volta? j Não é apenas o Comissariado: é também o próprio Governo, é especialmente o Sr. António Maria" da Silva!

0 que ontem aqui disse a este respeito o Sr. Vasco Borges é bem elucidativo. S. Ex.a'afirmou que o chefe-do Governo o mandara comunicar ao Sr. Lisboa de Lima que não pediria ao Parlamento wm mais um centavo para a Exposição, e que, «se a operação (a tal hipoteca) coni o Banco não desprestigiasse, nem prejudicasse o Estado r traduzindo um auxílio cê momento, patriòticamente prestado, qv.e se aceitasse!»

1 Todos os Ministros, com excepção apenas do Sr. Rodrigues Gaspar, concordaram !

j E o Sr. António Maria da Silva, confiava a outrem a apreciação do significado moral da operação e daquilo que interessava ao crédito o ao brio do país, continuou, por certo, alegre e jovial como sempre, vagueando de partido em partido, de carteira em carteira, naqueles eternos conciliábulos que têm sido o seu único amparo no poder!

/ E, entretanto, acabava-se de hipotecar, de empenhar a honra da Nação!

Tremendo crime em que o próprio país fica cúmplice, se, em um assomo de indignação o não repelir como uma afronta e não tomar, coutas aos responsáveis.

Apoiados.

j Mas, não é tudo, Sr. Presidente!

Desde que estavam esgotadas as vor-bas autorizadas pelo Parlamento, o facto de elas terem sido excedidas, como o foram, em 4:500 contos por meio dos empréstimos, representa um grave abuso de poder da parte do Governo que.o consentiu. Esta circunstância já foi posta também em evidência pelo Sr. Cunha Leal, e parece também digna de registo e de rigorosa condenação por parte do Parlamento e do País, cuja passividade, cuja indiferença tem tornado possíveis tar..to crime e tanto escândalo e a sua impunidade.

A minoria monárquica está disposta a

ocupar-se dos escândalos da Exposição (3o Rio de Janeiro com o interesse e o desenvolvimento merecidos. liá-de ia-zê-lo oportunamente, depoi» de tudo esclarecido e com todas as provas na mão. Para este feito já eu, na sessão de 11 do corrente, e, portanto, dias antes de os escândalos terem vindo à supuração, enviei para a, Mesa um requerimento em que peço uma larga documentação sobre inais esta pústula maligna.

Não nos interessam os homens pessoalmente considerados. Basta-nos saber que os 'escândalos foram cometidos por republicanos e que são escândalos da República. O resto é com os tribunais. Se os homens nos interessassem, perguntaríamos com que direito, .cm nome de que princípios morais e de equidade, se consentiu que aqui, onde só há, representantes da Nação, réus se arvorassem em juizes, acusados em acusadores. ;Isto com as agravantes de a pessoa visada — aliás enormemente responsável — não estar presente, não ter sido ouvida e de tais acusações serem formuladas a título de'defesa do que defesa não tem!

Triste e vergonhoso espectáculo!

Não, Sr. Presidente! Não são estes os nossos processos; e, por isuo, a seu tempo, falaremos detalhadamerie.

Farei notar apenas que, se há alguns homens qoe, tendo, quando monárquicos, gozado de boa reputação, têm prevaricado depois da sua adesão à República, este facto há-de ter uma natural explicação. E eu não a encontro senão na circimstfm-cia de a sua debilidade de carácter não lhes ter permitido reagir 'contra a acção nefasta do novo meio deletério em que passaram a agir, onde os escândalos pululam, onde os maus exemplos estimulam, onde a impunidade garantida encoraja.

A sua fraqueza moral coaduna-se apropriadamente o ditado popular de que «a ocasião faz o ladrão» !