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Sessão de 20 de Dezembro de Í922

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produtos, de fazer uma eficaz propaganda das nossas cousas, tam ignoradas de estranhos e até de nós mesmos, de revelar, emfim, as nossas energias, o grau de vitalidade do nosso povo».

Patriótica ansiedade!...

E o Sr. Lisboa de Lima, depois de mostrar esperanças em obter uma receita regular para suavizar os cofres do Estado com a venda à colónia de cálices de Madeira, em um elegante bufete armado no pavilhão, falou em rendas de Peniche, bordados da Madeira, tapetes Beiriz, cara ourivesaria,, material de guerra, trabalhos em serralharia, trabalhos em madeira, etc., que iam causar admiração pela sua grandeza, pela sua arte, que muito honravam as oficinas de Portugal.

Tanta cousa linda, realmente! j Mas tudo perdido na verdade!

Trabalhos de serralharia... trabalhos de madeira... Trabalhos de gazua, afinal ! j São aqueles cuja arte melhor se tem aperfeiçoado ultimamente na nossa terra desgraçada!

A questão já foi brilhantemente posta nos devidos termos pelos meus queridos amigos Srs. Carvalho da Silva e Morais Carvalho. Escuso de insistir.

Paguem-se as dívidas abusivamente e ilegalissimamente contraídas, porque assim é indispensável para honra do País. Mas não votamos nem mais um ceitil para os pavilhões, porque o Governo não nos fornece as informações que solicitamos, e receamos muito que sejam mais uns milhares de contos sumidos na voragem, para, no fim de contas, não haver pavilhões.

O encerramento da Exposição foi primitivamente designado para 15 de Novembro e posteriormente adiado para 21 de Março próximo. Ora ainda ontem o Sr. Lisboa de Lima mandou dizer, tele-gràficamente, ao Parlamento que o Pavilhão das Indústrias (o principal) só pode ser inaugurado no fim de Janeiro.

Sendo assim — e duvidamos que assim seja em face do que se está passando e porque várias vezes a abertura foi falsamente anunciada para datas determinadas e já decorridas— dando-se aquilo que o Sr. comissário apenas admite como possível, parece-me que o enormíssimo des-pêndio a fazer não encontrará compensação moral e material em apenas mês e

meio de Exposição, ou mesmo menos tempo, porque demorados devem ser ainda os trabalhos da instalação adequada dos produtos.

De resto, segundo informam pessoas insuspeitas de lá vindas, a Exposição já deu o que tinha a dar. A época da grande afluência terminou com a retirada dos forasteiros do centenário da independência do Brasil. À Exposição ó hoje pouco mais do que o ponto de recreio da população do Eio. De modo que nem uma possível prorrogação do prazo da duração torna, porventura, justificável novos des-pêndios de milhares de contos.

Quer dizer: prejuízo total! Fiasco absoluto ! Vergonha completa!

Fica-nos pior concluir os pavilhões nas proximidades do encerramento da Exposição, do que deixá-los ficar como estão. Ao menos contraporemos uma parcela de senso à incompetência e falta de tino administrativo e de noção das proporções duns e à falta de vergonha e acção criminosa doutros.

E quem também não vota o novo crédito é, com certeza, o Partido Democrático. Quando se discutiu a lei n.° 1:233, que fixou o primeiro crédito para a Exposição, o Partido Democrático estava na oposição e, pela boca do Sr. Paiva Gomes, actualmente também Deputado, com o aplauso do Sr. José Domingues dos Santos, declarou que achava a verba de 2:000 contos exagerada, e propôs a sua redução, alegando que a maioria das despesas deviam ser pagas pelos expositores. Isto vem no Diário das Sessões.

Leu.

A lei foi votada, não sem que o Deputado da maioria liberal, Sr. .Oliveira Calem, do -Porto, enviasse a declaração do seu voto de formal rejeição.