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Diário da Câmara dos Deputados
O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva) (interrompendo): — A situação mantém-se e são os mesmos propósitos.
O Orador: — Mas o facto é que contra uma ordem do Govêrno o Sr. Comissário mantém-se no seu lugar com desprêzo da manifestação do Parlamento.
Sr. Presidente: vou finalmente satisfazer a curiosidade da Câmara, que seguramente deseja conhecer os factos para chamar à responsabilidade o Sr. Ministro das Finanças.
Vou ler à Câmara um documento, que não pode ser suspeito, pois vem no Diário do Govêrno de 21 de Dezembro de 1922, no qual se prova que a circunstância de ser bom republicano é suficiente para não ser chamado a responsabilidades de crimes. Quando seria para esperar não só a demissão do funcionário, mas que êle fôsse levado aos tribunais, o Sr. Ministro das Finanças, que tem mais que ninguém, o dever de zelar os interêsses do Estado e de manter a moralidade nos serviços públicos, apresenta a razão de o funcionário que roubou ter ido combater os monárquicos ao norte.
E a responsabilidade dêste facto, Sr. Presidente, pertence única e exclusivamente ao Sr. Ministro das Finanças, que assim não soube, ou não quis, zelar os dinheiros do Estado.
O Sr. Ministro das Finanças, pois, a meu ver o que tinha a fazer era pedir a sua demissão.
Se o Parlamento da República, pois, Sr. Presidente, não tomar uma atitude neste sentido, nós ficaremos sabendo qual a moral da República, que assim deixa os cofres do Estado à mercê dos seus defensores.
A Câmara resolverá, pois, como entender.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra, quando o orador haja devolvido as notas taquigráficas.
O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: conta-se que em Vila Real houve uma criatura com um grande desejo de ser pai. Um dia, tendo aparecido sua mulher grávida e tendo depois tido o primeiro filho, êle correra imediatamente a Vila Real a dar parte a todos os seus conhecimentos de que tinha oficialmente um filho. Voltando depois a casa, disseram-lhe que sua mulher tinha tido um segundo filho. Assustou-se um pouco, mas não deixou de voltar a Vila Real a participar a todos os seus amigos que tinha dois filhos. Regressando de novo a casa, disseram-lhe que a mulher tinha tido um terceiro filho. Assustou-se tanto, ou tam pouco, que endoideceu.
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — E que na verdade era demais para um homem só.
O Orador: — O Sr. António Maria da Silva faz-me lembrar essa criatura, pois que com êste já é o quarto Ministério que nos apresenta, o que, na verdade, é de mais para um homem só, não tendo ainda ensandecido devido à sua tam rija constituïção.
Sr. Presidente: se pedi a palavra não foi com o intuito de definir a atitude do bloco parlamentar, atitude essa que já foi muito claramente definida pelo ilustre Deputado o Sr. Álvaro de Castro, mas sim pelo desejo que tenho de dizer duas palavras relativamente à forma como o Sr. António Maria da Silva tem organizado os seus Ministérios.
O Sr. Presidente do Ministério, no seu primeiro Govêrno, escolheu para a pasta das Finanças um elemento do Ministério a que eu presidi; no segundo aproveitou dois, os titulares das pastas da Guerra e da Justiça, e no terceiro, com a agravante de o haver deslocado, aproveitou o Sr. Rocha Saraiva para a pasta do Trabalho.
Tenho Sr. Presidente, todo o direito de protestar contra o roubo de direitos de autor.
Pouco falta, Sr. Presidente, para S. Ex.ª ter o meu Ministério reconstituído, só me não querendo a mim, certamente para lhe não tirar o lugar. (Risos).
Em todas as tragédias, e isto é uma tragédia; é sempre necessário um bocado de bom humor.
Todos nós apreciamos as altas qualidades de S. Ex.ª
S. Ex.ª é realmente um equilibrista consumado na sua acção política.
Todos nós desejamos Governos está-