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Sessão de 26 de Fevereiro de 1923
tre Deputado que me precedeu no uso da palavra a isso me obriga.
Disse o Sr. Dinis da Fonseca que era de lamentar que a administração dos hospitais da Universidade deixasse avolumar o deficit dos seus orçamentos até a importante quantia de 500 contos, sem reclamar providências em tempo oportuno, e que lhe parecia acto de injustiça o regime de excepção que se abre em favor daqueles hospitais, pois é certo que em análogas circunstâncias se encontram quási todos os hospitais por êsse país fôra, alguns, sem nenhuma dúvida, em situação muito mais aflitiva, como o hospital de S. Marcos, de Braga, por exemplo, e, todavia, o Govêrno não lhes procura acudir com a mesma solicitude.
Não tem razão o Sr. Deputado católico, pelo que afirma, em relação aos hospitais da Universidade, embora razão lhe sôbre, pelas queixas que faz, a respeito dos outros hospitais.
A relativa corpulência do deficit de 500 contos, a que S. Ex.ª se referiu, não é da responsabilidade da administração respectiva, mas do Govêrno, que só agora se resolveu a atender às reiteradas, e até talvez impertinentes, reclamações, daquela administração, desde há muitos meses.
Todos sabem que neste incessante agravamento progressivo do custo dos géneros de primeira necessidade, em que, por desgraça, temos vivido, não há cálculos que não falhem, nem presunções que se realizem.
Tudo encarece de mês para mês, de dia para dia. O que se inscreve no orçamento para custear as despesas de um ano, a respeito de muitos artigos de consumo, nem para seis meses, às vezes nem para um mês, chega!
Assim, como é que se poderá evitar o desequilíbrio?
Note a Câmara que os hospitais de Coimbra não realizam sòmente uma obra de assistência, como os outros hospitais; mas desempenham uma função docente, e são, além disso, um centro de investigação scientífica, uma escola de aprendizagem e um laboratório de sciência e de alta cultura.
Os lentes da Faculdade de Medicina, que dirigem as clínicas dêsses hospitais, os internos analistas, os cirurgiões, os psiquiatras, todos quantos labutam naquela casa, são verdadeiros beneméritos da sciência e da humanidade, porque prestam os mais relevantes serviços a troco de mesquinharias que eu me envergonho de revelar.
Pois o dinheiro que agora se pede ao Parlamento não é para remunerações dêsses ilustres professores, nem para actualizar os proventos de quaisquer encarregados de serviços, mas tam sòmente para pagar contas de fornecimentos feitos aos hospitais em géneros de alimentação para os doentes pobres, e em medicamentos, há mais de um ano!
Por isso, Sr. Presidente, eu penso que a Câmara não pode deixar de votar o crédito pedido, não só porque assim o reclama a justiça, mas até como homenagem à administração dos hospitais, a que se destina.
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem, muito bem!
O Sr. Almeida Ribeiro: — Em nome dêste lado da Câmara, dou o meu voto à proposta, porque ela representa uma satisfação para uma necessidade urgente duma corporação que tem sido orientada com zêlo e economia.
A administração ali é modelar e é feita com aquele cuidado que eu há pouco salientei.
Fazendo o exame das verbas do Orçamento Geral do Estado, destinadas aos serviços idênticos em Lisboa, Pôrto e Coimbra, nota-se fàcilmente que os serviços de Coimbra são os que mais baratos ficam ao Estado, ainda mesmo tomadas as devidas proporções quanto à amplitude dêsses serviços.
Dito isto, só me resta terminar como comecei, declarando que os Deputados dêste lado da Câmara dão gostosamente o seu voto à proposta de lei apresentada pelo Sr. Ministro do Trabalho, com o que nada mais fazem do que praticar um acto de justiça.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Sr. Presidente: calaram no meu ânimo as palavras do Sr. Ministro do Trabalho, proferidas aqui há pouco, quando S. Ex.ª