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Diário da Câmara dos Deputados
lidades que temos em matéria de economias imediatas. Vou insistir no assunto, que é vasto.
No que diz respeito ao custeio e manutenção da fôrça pública, veja V. Ex.ª que ao discutir-se o orçamento francês se fizeram as mais severas críticas às despesas excessivas do orçamento do Ministério da Guerra. Foi notado com assombro que ainda hoje a França, depois da guerra e apesar da gravidade da situação de todos conhecida, ainda mantenha no efectivo uma proporção de oficiais de tal maneira exagerada, que tem um oficial para cada 19 soldados. E todavia a França tem ainda quatro frentes de exército, uma na Turquia, outra em Marrocos, outra no Kuhr e outra na Polónia, além da guarnição do seu país, pois as necessidades da sua política internacional obrigam-na a prevenções excepcionais devido ao estado das suas relações com a Alemanha, com a Rússia e com a Turquia e a Grécia.
Pois foi severamente criticado o facto de no exército francês a proporção dos oficiais ser de 1 para 19 soldados!
Mas sabe a Câmara quantos oficiais se inscrevem no orçamento para a nossa infantaria?
2:272 oficiais, o que dá a proporção de 1 oficial para 4 soldados de infantaria no activo do exército!
Pregunto, se algum Deputado, cônscio da missão que está desempenhando, por maior que seja o seu respeito pelo exército, pode deixar de ocultar a verdade ao país sôbre êste facto.
Não estamos numa situação em que possamos manter a proporção escandalosa de l oficial para cada 4 soldados da arma de infantaria.
E se fôsse só isto!
Em todas as armas é serviços do exército, o caos administrativo está manifesto. As promoções foram inacreditáveis.
Para 3 coronéis do serviço de saúde, efectivos, há 20 coronéis médicos supranumerários!
E outros 20 tenentes-coronéis e mais 11 majores.
Dá isto em resultado não haver tenentes e capitães para os serviços dos. regimentos e em quási todas as guarnições haver médicos contratados!
Apoiados.
E preciso olhar para isto. Não há conveniências de qualquer ordem que me obriguem a calar num assunto desta natureza.
Sou daqueles que têm pelo exército um carinho enternecido. Bastará dizer a V. Ex.ª que, sob o ponto de vista do sentimento pessoal, é oficial do exército o único irmão que tenho e a quem estimo com o mais entranhado afecto. Apesar de nunca ter tido a honra de envergar uma farda, sempre acompanhei as vicissitudes do exército com aquela paixão com que um paisano, que é ardente patriota, acompanha os progressos da sua Pátria.
Em espírito, tenho acompanhado todas as organizações militares, lastimando que, quando a República fez a reforma do exército, cujo sistema de recrutamento miliciano eu aprovei (pois entendo que é o único que se coaduna com as necessidades actuais políticas e financeiras do nosso país) se não tivessem reduzido os quadros.
Ao contrário, fez-se uma organização toda de fachada, acelerando-se promoções e criando-se situações que, sobretudo na arma de artilharia, não tiveram proporção alguma com o sucedido em qualquer exército do mundo.
No material, neste país que nada fabrica de importante, ninguém pensou, Ficámos desprovidos quási por completo do material necessário para mobilizar as 8 divisões.
E depois disso só temos votado aqui projectos militares de interêsse pessoal, não sabendo, a maior parte das vezes, o alcance e os intuitos verdadeiros do que votamos...
Daqui resulta que chegámos à situação de termos um orçamento do Ministério da Guerra com uma despesa de 139:000 contos e um orçamento do Ministério da Marinha com uma despesa de 69:000 contos, sem termos em boa verdade, nem um exército capaz de mobilizar ràpidamente para uma defesa eficaz, nem uma marinha que sequer valha a pena referir!
O que temos é oficiais supranumerários em tal proporção, que não há oficial do exército digno de verdadeiramente o ser, que não se envergonhe de ver a sua classe assim colocada perante um país pobre e arruinado!
E o que se passa com os arsenais e as manutenções militares de terra e mar?