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Diário da Câmara dos Deputados
os peixes pequenos; os grandes, os tubarões, êsses rompem as redes e fogem.
É preso um homeia que tem fome e rouba umas couves, mas os que muito roubam são tomados como financeiros e não há nada que os faça punir.
A minoria católica vota essa proposta.
Foi aprovada a generalidade.
O Sr. Presidente: — De acordo com o Sr. Ministro do Comércio suspendo a discussão do parecer n.º 321 para aprovar a acta e fazer uma comunicação à Câmara.
É aprovada a acta.
O Sr. Presidente: — Como V. Ex.ªs sabem, faleceu no Brasil Rui Barbosa, homem público eminente, jurisconsulto notável, um dos mais ilustres filhos do Brasil o que foi Ministro no tempo do Govêrno Provisório.
Além dêstes altos serviços prestados à nação irmã. Fui Barbosa, era muito dedicado a esta pátria, de forma que prestando neste momento á nação brasileira, ao seu filho ilustre, honras de Chefe de Estado, a nação portuguesa não pode deixar de a acompanhar na sua tristeza, na desolação em que se encontra aquele país, e que a Câmara dos Deputados não poderá deixar de, naturalmente, se associar ao voto de sentimento que proponho, pelo falecimento do glorioso brasileiro, propondo igualmente que seja lançado na acta êste voto de sentimento, e que por telegrama êle seja transmitido não só à família do ilustre extinto, como ao Senado brasileiro, a que pertenceu.
Vozes: — Muito bem.
S. Ex.ª não. reviu.
O Sr. Viriato da Fonseca: — Sr. Presidente: morreu o grande brasileiro Bui Barbosa!
O telégrafo na sua terrível concisão e laconismo trouxe até nós essa trágica notícia!
Morreu Rui Barbosa, êsse prestigioso orador, êsse sublime jurisconsulto, êsse notável publicista que todo o mundo culto tanto respeitava e estremecia!
Morreu Rui Barbosa, êsse homem de tam extraordinárias qualidades, êsse grande e ilustre brasileiro, o maior entre todos êles, brilhante como um sol, fulgente como uma estrela, imenso como um Deus.
E com essa infausta morte, Sr. Presidente, não é só o Brasil que está de luto pesado, é o mundo inteiro que nesta hora se cobre de negros crepes, porque Rui Barbosa não pertencia só ao Brasil, mas sim a toda a humanidade.
Êle tinha conquistado êste supremo título de cidadão cosmopolita, pela sua grande e lúcida inteligência, aliada a um saber profundo, a uma envergadura de carácter de primeira grandeza, que tudo isso êle pôs em acção, para defender em todos os campos, onde quer que fôsse, no Parlamento, na tribuna, na imprensa, nos congressos e no livro, o direito dos pequenos, dos fracos e humildes, entre as prepotências e ambições dos grandes e dos tiranos.
Ainda me lembro com grande comoção dessa pequena e aparente apagada figura, ao entrar na grande Conferência de Maia, onde os mais ilustres e sabedores diplomatas do mundo, reünidos, iam tratar e discutir o direito das gentes.
Ali, em meio dêsse areópago de homens ilustres, de tal maneira se comportou Rui Barbosa, tantos foram os fulgores da sua inteligência e saber, tantos foram os extraordinários primores da sua dialéctica, que as aclamações, as mais vibrantes, frementes e entusiásticas, rebentaram, se manifestaram com tal grandiosidade, com tal espontaneidade, com tal convicção, que essa consagração, ao depois, tornando-se universal, fez de Rui Barbosa, um ínclito cidadão de todas as pátrias, e sobretudo, das pátrias pequenas, cujos sagrados direitos êle ia ali defender tam sabiamente com o seu verbo eloquente, com a sua erudição sugestiva e convincente.
Recordo também, com estremecimentos de entusiasmo, êsse fenomenal, estupendo e maravilhoso discurso, pronunciado perante a mocidade académica, de Buenos Aires, a quando da Grande Guerra e no qual, êle, o misterioso herói da palavra, tam causticantemente, tam apropriadamente, verberou os célebres doutores dessa Alemanha militarista, os quais em um não menos célebre panfleto e apoiando-se nas arrevesadas e inadmissíveis doutrinas dum Vonder-Goltz, pretenderam justificar a negra acção do seu Kaiser