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Diário da Câmara dos Deputados
universal, que estava ali o homem necessário à obra dó confraternização e de justiça internacional, que espíritos generosos supunham então de imediata realização.
Ainda não tinha decorrido três sessões e já Rui Barbosa havia ocupado o primeiro lugar.
Desde então, Rui Barbosa, que já era um dos maiores nomes do Brasil, tornou-se um nome mundial.
E quando, depois da guerra, se tratou de organizar êsse Tribunal Supremo destinado a julgar todas as questões que possam surgir entre as nações do mundo, Rui Barbosa foi um dos citados para lazer parte dêsse Tribunal, e não lhe valeram nem os achaques, nem a idade, nem o morar longe, para o eximirem á uma escolha que tanto tinha de honrosa. Basta êste simples feito para definir em toda â grandeza o vulto dêste homem emidente.
As desenvolvidas referencias que à sua figura como jurisconsulto aqui foram feitas, sobretudo pelos Deputados Srs. Morais de Carvalho e Almeida Ribeiro, obrigam-me a não entrar em novos pormenores, não obstante isso ser da minha devoção como magistrado, modesto observador das normas eternas do Direito e da Justiça! Remato pois as minhas considerações associando-me em nome do Partido Nacionalista ao voto proposto por V. Ex.ª Fazendo-o, pago a nossa dívida de gratidão à memória de Rui Barbosa, o qual, com as suas maravilhosas faculdades de orador e pensador magnífico, entoou um verdadeiro hino de glória à raça portuguesa!
Disse.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Domingos Pereira): — Sr. Presidente: em nome do Govêrno, compungidamente me associo ao voto de sentimento proposto por V. Ex.ª
Não é numa ligeira referência que se pode traçar o perfil da alta complexidade mental de Rui Barbosa.
Foi com profunda mágoa que Portugal recebeu a notícia do falecimento dêsse ilustre brasileiro.
Já aqui se disso que Portugal sente as mágoas e alegrias do Brasil, pois neste momento Portugal, em todos os corações dos portugueses, sente a dor que sofre a nação irmã.
Em Portugal, entre os homens que têm tempo pari ler, são conhecidas as Cartas de Inglaterra, em que Rui Barbosa revelou mais uma facetado seu luminoso espírito.
Ficou célebre o discurso de Rui Barbosa, pronunciado em Buenos Aires, quando tomou parte no centenário daquela República, no qual disse a bela frase; «hão é lícito a nenhuma nação cruzar os braços perante um crime».
Assim atirou com a. sua nacionalidade para a guerra, colocando o Brasil ao lado das nações aliadas.
Ainda há pouco, quando da visita do Presidente da República de Portugal ao Brasil, depois por ocasião do incidente que ficou conhecido como a questão dos poveiros Rui Barbosa, solicitado para dar parecer de carácter jurídico sôbre a aspiração dos poveiros e a situação dentro da nacionalidade brasileira, fez um parecer que foi tudo quanto há de mais defensivo dos direitos legais, e um hino à nacionalidade portuguesa.
Êsse sentimento manifestou-o sempre que podia, e, por ocasião da visita do Sr. Presidente da República ao Brasil, Rui Barbosa recebeu o Sr. António José de Almeida.
Ainda então teve ocasião de se não confinar nos limites dum cumprimento de admiração pelo nosso povo, pela nossa história e pela nossa gratidão, e já na sua poltrona de doente, cheio de dores físicas, cheio de sofrimento, cheio de mágoas morais, teve um gesto que ao ser conhecido por nós foi comovente, e não podia deixar de ser recordado neste momento em que prestamos homenagem à sua memória.
O Sr. Presidente da República Portuguesa foi visitar Rui Barbosa no seu quarto de doente. O grande brasileiro, erguendo-se da sua poltrona de enfermo, quis acompanhar o ilustre hóspede, mas não pôde. As fôrças traíram-no.
Sr. Presidente: cumpre o Parlamento um dever sagrado, prestando homenagem à memória do insigne orador e ilustre escritor, do grande jurisconsulto, do grande publicista, do grande ideólogo que foi Rui Barbosa.
Em nome do Govêrno me associo de