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Sessão de 5 de Março de 1923
Academia das Sciências em homenagem a Rui Barbosa, por ocasião do seu jubileu literário, encontra-se a demonstração pormenorizada do trabalho ingente de Rui Barbosa na correcção da redacção do projecto do Código Civil Brasileiro, pondo-se em evidência aí como cada emenda que propunha era documentada prodigamente com palavras ou passagens dos mais vernáculos autores portugueses, antigos e modernos, de tal forma que aquele ilustre académico português considera a obra de Rui Barbosa, em alguns pontos, o livro de consulta mais largamente fundamentado, sôbre variadíssimos assuntos e controvérsias da nossa riquíssima língua.
Ao grande brasileiro, que começou agora, a dormir o seu último sono, prestemos nós portugueses, além do preito de admiração que lhe é devido como uma grande figura hoje já da história, a homenagem magoada do nosso reconhecimento e funda saudade pelo muito que êle amou o nosso País e defendeu a nossa língua.
E assim é com grande dor que, eu, em nome da minoria monárquica, me associo comovidamente ao voto de sentimento lembrado por V. Ex.ª e à proposta de se comunicar êsse voto, por telegrama, à Nação Brasileira.
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem.
O Sr. Almeida Ribeiro: — Sr. Presidente: Rui Barbosa é realmente credor da nossa comemoração carinhosa, porque soube ser um jurisconsulto da elite, foi um respeitador intransigente da lei.
Para nós, portugueses, tem o grande predicado de ter sido um grande amigo da nossa língua.
Os seus trabalhos sôbre a Constituïção Brasileira, os seus trabalhos de combate às ditaduras, os seus trabalhos sôbre o estado de sítio, são, no campo de direito constitucional, alguma cousa de notável.
A sua acção na política internacional foi brilhante, aturada, persistente, enchendo de brilho a nação a que pertencia, e, como agora mesmo foi salientado pelo Sr. Morais de Carvalho, a acção que teve na elaboração do Código Civil foi alguma cousa que a nós, portugueses, nos cativa profundamente. O projecto do Código Civil Brasileiro tinha sido redigido duma maneira tal que a sua linguagem não era puramente portuguesa. Foi Rui Barbosa quem conseguiu, interessado nisso vivamente, modificar essa redacção de forma a que o Código ficasse redigido na linguagem portuguesa, pura e correcta.
Foi realmente um grande homem. Foi um grande jurisconsulto. As nossas homenagens, portanto, são absolutamente devidas à sua memória.
Êste lado da Câmara associa-se ao voto de sentimento proposto por V. Ex.ª
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem.
O orador não reviu.
O Sr. Afonso de Melo: — Em nome do Partido Republicano Nacionalista venho apresentar também o testemunho da alta consideração de todos nós pela memória dêsse grande homem que se chamou Rui Barbosa.
Os oradores que me antecederam no uso da palavra fizeram já, a largos traços, a descrição dessa grande personalidade que foi honra não só da sua Pátria Brasileira, como de todos aqueles que no mundo falam a nossa bela e harmoniosa língua.
Rui Barbosa foi um grande homem de Estado; foi um grande jurisconsulto, foi um grande político e um grande diplomata, foi uma das mais formosas glórias da raça latina no primeiro quartel dêste século.
Rui Barbosa, como jurisconsulto, marcou o seu lugar entre os cultores de direito, da América do Sul, por maneira que o sou nome, atravessando o Atlântico, é hoje pronunciado em todos os países cultos da Europa, como o de uma das maiores mentalidades jurídicas dês tempos modernos.
Quando Rui Barbosa, figura pequenina quási não se lobrigando como homem, parecendo que o sol dos trópicos, incidindo sôbre êle, o havia ressequido e mumificado, apareceu na Conferência da Maia discutindo, tema por tema, os problemas ali levantados, mostrou logo pela amplitude dos seus conhecimentos de direito internacional e pelo grande sonho do desenvolvimento de todas as liberdades à sombra dos símbolos augustos, duma Paz