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Sessão de 5 de Março de 1923
apocalíptico, ao desencadear a tremenda hecatombe mundial, que foi isso a que se chamou u Grande Guerra.
Que tremenda, que justa acusação, Sr. Presidente, não ficou registada para todo o sempre nesse maravilhoso documento, onde se nota a elegância e a propriedade do um padre António Vieira, a catadupa fogosa e pujante de um Vítor Hugo, a sabedoria de Humboldt, a vernaculidade e erudição de um Alexandre Herculano e finalmente a inspirada previsão de um Deus.
Sim, êle, aí o disse que a Alemanha tinha do baquear, pois que assim não acontecesse, isso colidiria profundamente com as máximas da razão, com as verdades da sciência e com a religião do Direito.
E a Alemanha baqueou.
E, por certo, êsse seu histórico discurso, tendo sido, porventura, um dos poderosos factores para que os Estados Unidos da América do Norte entrassem na guerra, foi também uma das armas mais terríveis e mais mortíferas, que a Alemanha viu apontada contra si.
Longe de mim, Sr. Presidente, pretender traçar, neste momento, a portentosa biografia dêsse grande, dêsse ilustre morto.
Seria utopia, seria descabelado arrojo da minha parte, dada a minha inferioridade e insuficiência, o querer fazê-lo, além de que tal pretensão seria pleonástica e intempestiva, visto que, entre os meus ilustres colegas, nesta Câmara, como homens cultos que são, nenhum há que não conheça e venere a inconfundível figura do grande Rui Barbosa.
Eu acostumado a venerar, a admirar, a respeitar os grandes homens, astros de primeira grandeza, que perpassam pela terra, eu simplesmente quis com as minhas palavras o tal como já outras vezes o fiz, por exemplo, quando do falecimento do grande sábio, contra-almirante Campos Rodrigues, prestar uma modesta, mas sentida, mas respeitosa homenagem a quem, como Rui Barbosa, não cabendo já a dentro do Brasil, se espalhou, se estendeu por toda a terra, e agora, sentindo-se grande de mais para na terra ser contido, voou para os espaços infinitos, para as esferas do não ser, onde o seu rutilante espírito brilhará ao lado de tantos outros, seus pares, que já lá estão!
E é por tudo isto, Sr. Presidente, que eu. com a máxima unção, de joelhos e lágrimas nos olhos, me associo comovidamente ao voto de sentimento proposto por V. Ex.ª
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem.
O Sr. Lino Neto: — Sr. Presidente: a minoria católica associa-se, como não pode deixar de ser, ao voto de sentimento proposto por V. Ex.ª pela morte de Rui Barbosa, êsse grande brasileiro, filho duma nação que tem seguido as nossas tradições, a nossa raça e a nossa história.
A minoria católica, Sr. Presidente, via nesse grande homem, principalmente, um. dos mais enérgicos paladinos das garantias fundamentais da liberdade humana, e assim é ver o que foi a sua acção nessa grande obra das relações entre a Igreja e o Estado, realizada com verdadeiro espírito de liberdade e a que o Brasil deve hoje a sua tranquilidade e os seus progressos.
Da sua vida temos todos muito que aprender para amar e praticar a liberdade.
Perante o seu cadáver descubro-me com o maior respeito, em homenagem não só à sua personalidade, que foi das mais prestimosas, mas também em homenagem ao Brasil de que foi filho ilustre e prestigioso, e ainda em homenagem à raça latina que honrou notavelmente.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Morais Carvalho: — Sr. Presidente: está de luto o Brasil!
Rui Barbosa, o homem de Estado eminente, o orador fulgurante, o académico prestigioso, o jurisconsulto distintíssimo acaba de morrer.
Está de luto o Brasil!
As notícias dos jornais dizem que é funda a dor na grande nação irmã e que são verdadeiramente excepcionais as homenagens prestadas à sua memória.
Telegramas de toda a parte chegam ao Rio de Janeiro com as condolências dos mais altos representantes dos povos.
E que a glória do Rui Barbosa, gran-