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Sessão de 5 de Março de 1923
Chamou por outra vez o comandante do regimento de que se trata, cavalaria 9, para lhe dizer que no esquadrão de determinado capitão se cometiam irregularidades contra as quais era necessário proceder.
Que nomeasse um major para averiguar do que havia.
O comandante do regimento respondeu-lhe que não podia ordenar a averiguação ou a sindicância sem usar do nome dele, general, ou sem que êste lhe dissesse o nome da pessoa que levara as referidas irregularidades ao seu conhecimento.
O general negou-se a isto.
A pessoa, está de ver, era o filho.
E acrescentou: «O melhor é você mandar uma confidencial ao chefe de estado maior, dizendo que constando pelo rumor público que no 3.º esquadrão há várias irregularidades, pedia que para averiguações se nomeasse um major estranho ao regimento».
O comandante, que já sabia com quem lidava, fez-se «lorpa», pedindo ao general que lhe dêsse então um rascunho para a confidencial, mesmo porque êle nada sabia nem ouvira.
O general assim fez, dando-lhe o rascunho, que o outro guardou cuidadosamente.
Tornada pública a sindicância, um outro capitão, das relações do general, disse a êste que a sindicância era uma vergonha, pois o que se estava fazendo no esquadrão do capitão sindicado era o que se fazia nos restantes esquadrões do regimento e nos esquadrões de todos os outros regimentos.
Ao que o general respondeu: «Também sou dessa opinião. Mas que quere, se o Raul Vidal mandou uma confidencial a participar o caso, e se eu não posso tirar a fôrça aos comandantes dos regimentos"?
O capitão, da conversa, no intuito de salvar o seu camarada, foi transmitir o que ouvira ao general, ao comandante do regimento.
«Ai êle é isso? — replicou êste. — Então espere lá. Veja se conhece esta letra — mostrando ao capitão o rascunho que tirara de uma gaveta. — Fique sabendo que foi o general que me chamou, que foi êle que me revelou as supostas irregularidades do seu colega no comando do esquadrão, e que foi êle próprio quem redigiu a confidencial, como se vê dêsse rascunho».
O capitão, atónito, preguntou ao comandante se lhe cedia o rascunho até o dia seguinte.
Tendo êste acedido, foi otografá-lo^ mostrando a fotografia e contando tudo no dia em que o seu colega foi julgado no Conselho Superior de Disciplina do Exército, onde depôs como testemunha;
O resultado foi aquele ser imediatamente absolvido.
Pudera não!
Mas o que lamento, é que o Conselho Superior de Disciplina do Exército, ouvindo êsses e outros depoimentos, todos denunciadores dos abusos, das arbitrariedades e dos crimes do comandante da 3.ª divisão do exército, ainda não haja, até hoje, procedido contra êle.
Isto assim não pode continuar, Sr. Presidente! Isto é uma orgia!
Há um ditado que diz que não há. bem que não acabe nem mal que sempre dure. Estou certo de que êste mal também há de acabar, e brevemente.
Eis, pois, o lindo estado em que se encontra à 3.ª divisão do exército! Sem contar com as despesas que isto acarreta para a Nação! Não sei se terei pachorra para discutir o orçamento do Ministério da Guerra. Perdi inteiramente a fé em tudo isto. Mas, se tiver, mostrarei vários escândalos em que se consomem torrentes de dinheiro.
Um dêles é êste. Castiga-se arbitrariamente, iniquamente, com cinco dias de prisão disciplinar, um oficial com uma magnífica folha de serviços. O ponto de vista moral já o analisámos nas suas revoltantes consequências.
Mas, quere V. Ex.ª ver, Sr. Presidente, o que daí resultou finalmente?
Resultou isto: essa arbitrariedade, essa iniquidade, custou até agora ao País, 1. 316$.
Antecipo-me à resposta que me poderia dar o Sr. Ministro da Guerra, dizendo que os oficiais transferidos por motivo disciplinar não têm direito a ajuda de custo. Eu sei. Mas também. sei que, sendo quási todos êles, senão todos, transferidos para as guarnições da fronteira, todos êles se vão aproximando da torra em que serviços por transferências sucessivas. Foi