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Diário da Câmara dos Deputados
do, Sr. Barros Queiroz, eu vou, no emtanto, pela muita consideração que tenho por S. Ex.ª, procurar responder a todos os pontos a que S. Ex.ª se referiu.
Devo dizer que estou absolutamente de acôrdo com algumas considerações feitas pelo Sr. Barros Queiroz, muito principalmente na parte que diz respeito à situação financeira do Estado.
Um dos pontos a que S. Ex.ª se referiu foi aos perigos que podem resultar da circulação fiduciária.
S. Ex.ª combateu enèrgicamente a política que se tem feito nesse sentido, e eu, Sr. Presidente, não posso deixar de dizer que nesse ponto também estou inteiramente de acôrdo com S. Ex.ª
Se assim não fôra, eu não traria esta proposta ao Parlamento.
Também não posso deixar de estar de acôrdo com o ilustre Deputado Sr. Barros Queiroz, quando S. Ex.ª descurou a administração do Estado, por não ter em seguida à guerra, tratado de empréstimos e de impostos. Foi, de facto, um êrro não se ter lançado mão dêsses meios para ocorrer às despesas do Estado, mas V. Ex.ª sabe a relutância que havia em toda a parte do país para se poder levar a efeito um empréstimo interno, visto que os empréstimos externos ainda mais difíceis se tornavam, havendo só o recurso ao imposto.
Disse o Sr. Barros Queiroz que estava excedida a capacidade tributária...
O Sr. Barros Queiroz: — Não foi bem assim. O país pode pagar mais, mas o imposto de transacções é que não rende o que V. Ex.ª imagina.
O Orador: — Então não tomei bem os apontamentos.
Vejo que estamos de acôrdo, o que sucede sempre com homens de bem e de boas intenções, que pensam bem servir o país e melhorar as condições da administração pública.
Sendo absolutamente contrário ao alargamento da circulação fiduciária, mas não podendo de forma alguma resolver dum momento para outro a situação financeira do País, eu não podia escolher outro caminho que não fôsse o empréstimo.
O Sr. Cancela de Abreu achou muito extraordinário que o Ministro das Finanças viesse dizer no relatório que antecede a sua proposta orçamental que para a política da inflação ninguém podia inclinar-se dando assim a entender que ela era uma política antipatriótica. Eu não tenho, porém, essa opinião. Outros países maiores do que o nosso o têm seguido e entre êles a Alemanha que tem procurado por todas as formas desvalorizar a sua moeda, e certamente ninguém, deixará de reconhecer que nesse país existem estadistas de incontestável valor e patriotismo.
Não há dúvida de que a política de deflação seria a mais aconselhável, mas para a seguir seria necessário fazer entrar no País grandes quantidades de ouro e todos sentem as enormes, quási invencíveis, dificuldades que neste momento obstam à realização dum empréstimo externo em ouro.
Sr. Presidente: entrando pròpriamente na análise das considerações feitas pelo ilustre Deputado Sr. Barros Queiroz, devo lembrar que a primeira questão levantada por S. Ex.ª dizia respeito à emenda por mim apresentada à minha própria proposta. Ora se eu apresentei essa emenda foi simplesmente, para pôr termo à discussão que no seio da comissão se havia levantado em face da possibilidade de os encargos que adviriam do empréstimo atingirem números inaceitáveis.
Rebati e continuo a rebater êsse modo de ver por estar convencido de que um tal empréstimo só é possível desde que o Parlamento confie absolutamente no homem que ocupar esta cadeira, partindo do princípio de que ninguém neste lugar seria capaz de aceitar exigências que ultrapassassem os limites do que é razoável e legítimo.
Apresentou depois o Sr. Barros Queiroz os perigos que resultam dêste empréstimo e voltou, por isso, à defesa da sua idea, a idea de que é preferível um empréstimo em ouro.
Sr. Presidente: devo dizer a V. Ex.ª que acho hoje muito difícil êsse empréstimo em ouro, a não ser com um juro muito elevado.
Mas o que é certo é que êste empréstimo em discussão é um dos primeiros passos para uma melhoria do câmbio.
Têm-me chamado optimista, mas eu não desesperei da situação do País porque a