O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

10
Diário da Câmara dos Deputados
parte, devido, ao mau ano agrícola, o que obriga o indígena a procurar trabalho.
Mas isto são causas acidentais, que amanha desaparecerão.
Para sabermos precisamente qual a mão de obra com que na União o Transvaal pode contar, basta deitar uma vista de olhos para o passado.
Eu tenho aqui uma comparação interessante e por ela vejo que em relação aos anos de 1911 e 1920, num total de 206:563 e 190:652 indígenas respectivamente empregados, provinham em 1911 do Cabo, Zululândia, Transvaal e Orange 94:528, número que em 1920 desce para 73:589, quere dizer, deminui de 21:000, eis os progressos que fez o recrutamento nestas regiões: 21:000 trabalhadores a menos!
Mas há mais: a Basutolândia. Bechuanalândia, Niassa, Rodésia e Suazilândia, que em 1911 fornecem 17:707 trabalhadores, apenas conseguem aumentar de 2:300 o número total fornecido em 1920, que é de 20:203.
Todos os outros territórios fornecem, em 1911, 376 indígenas e em 1920, 25!
Agora Moçambique, que em 1911 forneceu 93:952, em 1920, fornece 96:835.
Isto sim, isto quere dizer alguma cousa, Sr. Presidente: do total da mão de obra indígena empregada no Transvaal, a parte que pertence a Moçambique varia entre 40 e 50 por cento.
E o general Smuts diz que pode dispensar a nossa mão de obra!
Nós estamos perante o Transvaal numa posição formidável; se a emigração do nosso trabalhador cessasse, muitas das fortunas que lá se fizeram ficariam amanha fortemente abaladas.
Nós temos na mão o instrumento indispensável à exploração das minais do Transvaal, e essa exploração tem uma importância mundial.
Como é pois que aparecemos a tratar com a Câmara de Minas?
É necessário que nós conservemos sempre aquela atitude erecta que temos sabido manter através da nossa história.
Não é com a Câmara de Minas que temos a tratar, é necessário que seja o Govêrno do Transvaal que nos procure e que nos peça aquela colaboração que aliás nós sempre generosamente temos dado aos nossos vizinhos.
Mas nós não podemos ter pressa.
Nós dissemos ao Govêrno da União que sendo hoje as circunstâncias muito diferentes de 1909, a convenção tinha de ser revista, e o Govêrno da União respondeu-nos com a denúncia da convenção.
Foi de nossa iniciativa o primeiro passo.
E achei bem que êle se dêsse, pois concluí que finalmente íamos tratar de desenvolver os distritos do sul; mas agora, ao ver a pressa em negociar um modus vivendi só relativo à mão de obra, eu fico assombrado.
Porque é então que preparamos a denúncia da convenção?
Até hoje, apesar das lúcidas e brilhantes conferências que o Sr. Brito Camacho, tem dado à imprensa, eu ainda não descobri qual foi o motivo real do passo dado.
Pois, se não estávamos preparados, se não vamos realizar vastas obras de fomento; se não tínhamos os capitais indispensáveis, se não tínhamos pensado no destino a dar aos 80:000 trabalhadores, eventualmente desempregados, porque denunciamos a convenção, para só agora reconhecer que a província não pode viver sem ela?
Certamente o Sr. Brito Camacho ou o Sr. Ministro das Colónias vão dar à Câmara a explicação dos motivos que originaram a sua resolução.
Sr. Presidente: vejamos a situação: reconheceu-se agora que é absolutamente indispensável que êsses 80:000 trabalhadores continuem a ir para o Transvaal e, em vista disso, vamos fazer um modus vivendi pelo qual entregamos ao Transvaal êsses 80:000 colonos, sem compensação de espécie alguma para continuarmos no sul da província naquela situação em que sempre temos estado, não fazendo agricultura porque não temos mão de obra que vai para o Transvaal, e não podendo empregar a mão de obra que o Transvaal pode não querer porque não temos agricultura. E não podemos dispensar o Transvaal porque, se o fizermos, as receitas da província sofrerão um corte colossal, receitas que, afinal, são empregadas em benefício quási exclusivo do Transvaal.
E estamos nisto, e disto não saímos apesar de tanta inteligência empenhada em resolver o problema.