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Diário da Câmara dos Deputados
turo se dissesse: foram uns estadistas os que organizaram esta convenção, e eu, modesto Alto Comissário duma grande província, não senti o deslumbramento dêsse futuro, não senti a vertigem dessa glória, preferindo administrar muito singelamente, muito portuguêsmente a província, como província portuguesa que é, recusando-me a querer uma estátua no futuro à custa da independência e da dignidade do meu País.
A União Sul-Africana tem mostrado audácia e inteligência em gastar dinheiro.
Nesta casa do Parlamento, ainda no tempo da monarquia, a Sr. Barjona de Freitas, falecido há dias, e a quem a Câmara prestou justas homenagens, sustentou que os caminhos de ferro tinham uma função, mais económica do que lucrativa, e assim o entende a União Sul-Africana.
Nós não podemos baixar mais as tarifas dos caminhos de ferro, e não podemos ampliar o cais sem mais garantias.
Há um facto para o qual não acho explicação: é de Rotterdam e Marselha irem buscar carvão à União, preferindo-o ao de Inglaterra.
O general Smuths, altíssima inteligência e primeiro Ministro da União, diz que os carvões da União suplantam os de Inglaterra.
A União procede com audácia e inteligência, e assim deviam proceder todos os govêrnos de Moçambique, pelo menos desde 1910.
Há pouco, o Sr. Aires de Ornelas rectificou um lapso meu com respeito às Repúblicas do Transvaal.
A audácia da União manifesta-se em tudo e, assim, está construindo uma doca que deve ficar a maior do mundo, embora a União não tenha armada de guerra, nem frota comercial. É uma doca com 300 e tantos metros de comprimento e 32 de largura.
O projectado convénio para o fornecimento da mão do obra para a União Sul-Africana, sendo uma vantagem grande para a União, representa também uma grande vantagem para a província de Moçambique.
Com respeito a uma afirmação feita pelo Sr. Álvaro de Castro, que me pareceu importante, devo dizer que S. Ex.ª está em êrro.
Disse S. Ex.ª que a atitude do Parlamento deveria ter modificado a forma de sentir do general Smuths.
Não; o general Smuths mantém ainda hoje os mesmos pontos de vista: reclama como indispensável o côntrole de caminhos de ferro.
Êle contava com a entrada, na União da Rodésia, mas êsse plano falhou e isso fez mudar a atitude do general Smuths.
Desde êsse momento a situação do general Smuths passou a ser muito diferente da que era até então.
Eu próprio tive ocasião de verificar que essa situação tinha passado a ser muito diferente da que era, e, tanto assim, que estou convencido de que, se se realizasse uma eleição, o general Smuths sofreria uma derrota profunda.
O ilustre Deputado Sr. Portugal Durão, no seu brilhante discurso, pronunciou-se abertamente contra o convénio, e disse até que para suportarmos as exigências do govêrno da União melhor era passarmos sem convenção, vivendo cada um em sua casa com os seus próprios recursos. Mas, só as exigências da província são grandes, é preciso saber se o país está disposto a todos os sacrifícios, por enormes que êles sejam, para se acudir á essa situação.
Não se trata de fazer sacrifícios, como S. Ex.ª diz, trata-se apenas do fazer um acôrdo transitório com a duração efémera de seis meses, que representa de facto uma vantagem enorme para a província de Moçambique.
Disse S. Ex.ª que o govjêrno da União Sul-Africana nos poderá estrangular durante êsses seis meses; mas se êle nos pode estrangular nesses seis meses, dando-lhe nós alguma cousa, mais fàcilmente nos poderá estrangular não lhe dando cousa alguma.
Sr. Presidente: relativamente à mão de obra, o perigo, o único que existe, discutindo-se o assunto aqui no Parlamento, provém apenas das pessoas que nele têm de intervir, como eu, não estarem à vontade para dizer as cousas exactamente como elas são.
Eu não poderia fazer mais cabalmente a justificação dêste convénio sem ter de parecer que iria defender os interêsses da União.
Mas as pessoas que conhecem o assunto, e sobretudo as que conhecem a