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Sessão de 12 de Março de 1923
província, sabem muito bem que essa afirmação de que os indígenas do Moçambique são absolutamente indispensáveis à vida económica do Rand não é absolutamente verdadeira, é, pelo menos, o exagero duma verdade.
Os indígenas de Moçambique são incontestàvelmente um elemento de valor para o desenvolvimento da União, mas não tenho elementos para poder asseverar com segurança se êles são ou não melhores que os indígenas doutras regiões de África.
O trabalho mais completo que conheço sôbre as raças africanas e suas principais características consta das actas do Congresso de Londres de 1914, publicadas pouco depois. Nesse livro, que, a meu ver, é a obra mais vasta e profunda que existe sôbre a matéria, não só sob o ponto de vista antropológico, mas mesmo sob o ponto de vista psicológico, eu não encontrei o mais pequeno indício que me leve a sustentar a defesa das qualidades dêstes ou daqueles indígenas. Julgo por isso absolutamente conveniente não cairmos em exageros que nos podem levar amanhã a sérias desilusões.
O indígena de Moçambique, cujas qualidades eu não discuto, vai para o Rand ocupar-se de trabalhos exclusivamente braçais.
O trabalho das minas, porque não tem nenhuma especialização para os indígenas, tanto pode ser executado pelos naturais de Moçambique como pelos naturais da União. Como a Câmara sabe, na União existe aquilo a que lá chamam a barreira da côr, em virtude, da qual os homens de côr não podem exercer qualquer trabalho especializado, e isto quer se trate de indígenas de Moçambique, quer de indígenas da União.
Sr. Presidente: a província de Moçambique, tirando vantagens do convénio que vai realizar-se, não está fatalmente ligada a êsse convénio por tal forma que sem êle não possa viver. A minha autoridade seria pequena para o afirmar, mas com certeza que é suficiente a do Sr. Álvaro de Castro, que na sua conferência na Associação dos Lojistas manifestou igual parecer.
É absolutamente exacto que a emigração dos nossos indígenas para o Rand tem para a União um grande valor, assim como também é rigorosamente exacto que dessa emigração a província de Moçambique tira reais vantagens. O que, porém, é menos exacto é que a província precise, indispensàvelmente do convénio.
A província do Moçambique dá à União cêrca do 100:000 indígenas; mas é bom lembrar que ela mantém em actividade cêrca de 9 milhões de trabalhadores.
Sr. Presidente: eu já abusei domais da atenção da Câmara, e ela mo relevará da falta pela intenção com que a pratiquei.
Terminando, direi que me parece que a Câmara pratica um acto de boa administração, em relação a Moçambique, e do mais irrepreensível patriotismo, em relação à metrópole, autorizando o govêrno da província e o govêrno da União Sul-Africana a realizarem um convénio de fornecimento de trabalho, da província para a União.
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem. Muito bem.
O orador não reviu.
O Sr. Presidente: — Tenho de comunicar à Câmara a desagradável notícia da morte do grande português e republicano Basílio Teles.
O homem que desapareceu neste momento deixou ficar adentro das fileiras republicanas um lugar vago que dificilmente será preenchido, e creio bem que nem só os republicanos lamentarão esta perda, mas sim todos os portugueses. O homem que desaparece do mundo político foi um pensador, um trabalhador e um homem de acção.
A muitos parecerá estranha esta minha maneira de ver, mas a verdade é que muitos ignoram que Basílio Teles foi realmente um batalhador.
Não é surprêsa por certo para ninguém os trabalhos de Basilio Teles para a proclamação da República, antes do 31 de Janeiro, e toda a gente sabe que, em consequência dêsses trabalhos e do malogro do 31 de Janeiro, êle teve de emigrar.
Todavia, o que muitos ignoram é que, depois do regresso do exílio, Basílio Teles entrou de novo na vida política activa, organizando um movimento revolucionário que esteve prestes a rebentar, chegando até a estar marcado o dia da sua