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Diário da Câmara dos Deputados
Tanto nos basta para que nós, que fomos seus adversários políticos, nos curvemos perante a sua memória, prestando-lhe a homenagem que é devida a todos aqueles que sinceramente procuram servir o seu País.
Disse V. Ex.ª que êle era um grande português.
Sem dúvida que o foi. São sempre grandes portugueses todos os homens do valor de Basílio Teles que lutam pelo bem da sua Pátria.
Sr. Presidente: Basílio Teles dedicou-se aos mais diversos ramos da actividade nacional, estudando concretamente os problemas mais graves para a vida do País, e supondo que não podia ser útil ao seu País entrando na actividade política, Basílio Teles manteve-se num retraimento extraordinário depois da proclamação da República.
É esta uma das grandes provas da sua sinceridade. Querendo trabalhar pelo bem do seu Pais e lutar por aquilo que êle sonhara, e vendo que não podia ser útil ao seu País ingressando activamente na política, manteve-se naquele retraimento que todos conhecemos.
Ainda há poucos dias um grupo de portugueses de diversas cores políticas julgou ser o momento asado para empregar os seus esfôrços para a salvação do País, e Basílio Teles não lhe recusou, a adesão do seu nome.
Assim, Sr. Presidente, numa hora tam grave para a vida da Nação, nós temos de lastimar que homens do valor de Basílio Teles se considerassem impossibilitados de prestar serviços ao seu País, e creio, bem que uma das maiores homenagens que à memória de Basílio Teles poderiam prestar-se seria a de fazer com que para a salvação nacional se arranjasse uma forma de poderem colaborar no bem do País todos os homens de valor.
De todo o coração, portanto, me associo, em nome da minoria monárquica, ao voto de sentimento por V. Ex.ª proposto.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Ministro da Instrução Pública (João Camoesas): — Sr. Presidente: não tenho hábito de lamentar as minhas próprias insuficiências, embora as reconheça.
Cada um é como pode ser e desde que ponha toda a sinceridade na sua acção, as insuficiências próprias apagam-se, desfazem-se, ficando apenas a valer os resultados sociais dessa acção; mas, perante a descrição que tenho de fazer de toda a estrutura intelectual e moral de Basílio Teles, confesso a V. Ex.ª e à Câmara que lamento do fundo da minha alma a insuficiência da minha cultura para poder fazer a apologia condigna.
Homens como Basílio Teles, Sr. Presidente, não podem ser esquecidos, sendo por isso justíssima a manifestação de pesar que lhe estamos aqui prestando à sua memória.
Basílio Teles ainda nas vésperas da sua morte tinha trabalhado, escrevendo para jornais do Pôrto, e assim nós temos o direito, senão a obrigação, de sustentar aqui que êle durante toda a sua vida prestou relevantíssimos serviços ao País e à República.
Basílio Teles era, e tem de ser para todos nós, um exemplo de trabalho e de honradez.
Não é justo dizer-se, como o têm dito vários adversários do regime, que a República tem caminhado por forma que os homens da altura intelectual de Basílio Teles têm tido repugnância em a acompanhar.
Não, Sr. Presidente, isto não é assim, e só por paixão política se pode dizer isso.
Não, Sr. Presidente,, pois só a muita vontade de se dizer mal é que pode levar alguém a fazer uma afirmação desta natureza, pois a verdade é que Basílio Teles, embora afastado da actividade política, concorreu muitíssimo para o engrandecimento da Pátria e da República.
Não sei os motivos que o afastaram da directa acção política, nem tam pouco as razões que o levaram a isolar-se dos próprios amigos, resistindo sempre às instâncias que lhe foram feitas para abandonar o seu ermitério e vir acolher-se aã carinho das pessoas a quem êle mais queria e que mais lhe queriam.
Seja como fôr, essa personalidade não passou debalde na sociedade portuguesa, nem foi um valor sem acção neste momento histórico que atravessamos. Nós, os mais moços na vida republicana, soubemos sempre aprender com êle, e temos