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Diário da Câmara dos Deputados
O ilustre Deputado interpelante parte do princípio de que estamos a tratar com a União com a máxima lealdade, e assim devemos proceder.
Está disposta a União a fazer-nos guerra?
Então estamos perante a situação que em tempos ouvi referir nesta Câmara, chamando-se a atenção do Govêrno para o facto da União ter 200:000 homens armados, e não sei se sete milhões de carneiros.
Risos.
Eram precisas providências.
Pregunto: abandonamos todos as nossas ocupações, os nossos trabalhos, só porque vemos em diversos jornais que os espanhóis se propõem tomar Portugal, e vamos todos para a fronteira à espera que venham atacar-nos?
Não me parece que seja esta a política, e muito menos política colonial.
O ilustre Deputado interpelante atribui-me a frase de que a Convenção convinha só à União.
É necessário considerarem-me muito pequenino para me suporem capaz de me ter deixado iludir tam fàcilmente.
É preciso, me parece, reflectir um pouco mais, ver o alcance que pedem ter as palavras, as frases ditas por quem tem responsabilidade.
Não há, Sr. Presidente, perigo algum para Moçambique, visto que estamos de acôrdo, e, se me preguntarem se a mão de obra contém mais à União, devo dizer que lhe convém mais, mas também nos convém a nós.
O ilustre Deputado Sr. Brito Camacho já explicou devidamente o assunto e por isso não julgo necessário repeti-lo.
O Sr. Presidente: — V. Ex.ª deseja concluir agora as suas considerações, ou prefere ficar com a palavra reservada para logo?
O Orador: — Se V. Ex.ª me permite, ficarei então com a palavra reservada.
O orador não reviu.
O Sr. Presidente: — Está interrompida a sessão para reabrir às 21 horas e 30 minutos.
Eram 19 horas e 40 minutos.
SEGUNDA PARTE
O Sr. Presidente: — Está reaberta a sessão.
Eram 21 horas e 55 minutos.
O Sr. Ministro das Colónias (Rodrigues Gaspar): — Sr. Presidente: creio ter dito à Câmara, nas considerações que tive a honra de fazer na sessão da tarde, que já uma comissão de coloniais, estudando a questão das nossas relações com a União Sul-Africana, dissera que dificilmente poderíamos deixar de permitir a emigração para o Rand, sem que para tal tivéssemos a justificação da necessidade dos indígenas emigrantes nos trabalhos da nossa província de Moçambique. Sendo assim, eu pregunto se, dada a situação actual da parte sul da província, que não está neste momento preparada para absorver o trabalho dos seus indígenas, o impedimento da sua emigração não poderia ser tomado pela União como uma atitude agressiva de nosso lado.
Todos conhecemos a manifesta e ostensiva má vontade que já existe contra nós por parte de alguns súbditos da União.
Acho, por isso, de boa e elementar política furtarmo-nos a tudo quanto possa representar um pretexto para novas reclamações contra a nossa acção colonizadora, mostrando a todo o mundo; que nós procuramos por todos as formas desenvolver o hinterland e que estamos dispostos a corroborar os esfôrços civilizadores dos outros povos.
Assim mesmo pensa o ilustre Deputado interpelante.
S. Ex.ª, no seu relatório sobre-o seu govêrno, mostra como nós temos mão de obra em excesso.
Com que argumentos sérios poderíamos, pois, nós, depois de uma tal afirmação que nas mãos estranhas seria um elemento valioso para demonstrar, a nossa má vontade, impedir a emigração para a União?
Há um outro ponto importante que convém, também, esclarecer e é aquele em que se mostra desacôrdo com outra afirmativa do S. Ex.ª feita nesta casa do Parlamento, quando, referindo-se à denúncia do convénio, S. Ex.ª pretendeu provar que mal tinha andado o Alto Comissário procurando a denúncia da Con-