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Diário da Câmara dos Deputados
quando pretende saber qualquer cousa importante dos negócios do Estado.
Foi no meu partido uma figura importante, porque fez parte do seu directório; foi chefe dam agrupamento político que se denominou Partido de Reconstituição Nacional e é hoje leader do grande Partido Nacionalista em via de formação.
Somos amigos; temos tido confidências sôbre assuntos públicos e nunca me neguei a esclarecer S. Ex.ª sôbre qualquer assunto a respeito do qual S. Ex.ª me interrogasse.
Permita-se-me que eu fale com franqueza — isto não ofende — pois a Câmara deve compreender que quem tem a consciência de se dedicar com tudo quanto pode dispor e que a natureza lhe deu, para o bem do seu País, há-de, naturalmente, sentir-se chocado por se lançar para público, sem prévias averiguações, a nota de que há um Ministro que numa política de silêncio atende a interêsses estrangeiros, pondo de parte os interêsses nacionais.
É pois natural que eu também diga o que penso sôbre a forma como se conduzem assim os negócios públicos em Portugal.
Se S. Ex.ª alarmado me preguntasse, movido pelo seu grande alarme de patriota, o que havia sôbre o facto que se lhe afigurava ser tam grave, fàcilmente ficaria sabendo que nada havia do que supunha, e teria, certamente, deixado de apresentar a sua interpelação, tendo-se, talvez, evitado que nesta Câmara se dissessem cousas que não foram de benefício para o País.
Entre o ter de me defender de maneira a, que todos me digam tem razão e o manter-me em reserva para não colocar mal o País, eu prefiro ficar mal.
Cumpro, porém, o meu dever.
Apoiados.
Sr. Presidente: devo desde já agradecer a atitude tomada pelo Sr. Brito Camacho.
Declarou S. Ex.ª que a responsabilidade era sua. Foi uma prova do seu carácter, mas devo dizer, por ser a verdade, que S. Ex.ª procedeu sempre de acôrdo comigo, e, por consequência, perante o País, perante a Câmara, o responsável sou eu.
Disse-se que o Ministro tinha mudado de opinião.
Não pretendo fatigar a Câmara, mas permita-me V. Ex.ª que ao menos neste ponto principal não possa ficar a mais leve dúvida em qualquer dos Srs. Parlamentares que hão-de julgar finalmente a questão.
Quando em Junho me foi preguntado o que eu pensava sôbre um acôrdo em separado, eu francamente disse a minha opinião ao Alto Comissário: «Julgo que não era oportuno».
Passaram-se meses e em virtude de troca de impressões entre mim e o Alto Comissário, eu só no meu gabinete pensei que por mais esfôrços que fizesse para estar a par de toda a questão, podia estar enganado, quando da parte do Alto Comissário se mostrava a vantagem em proceder de um certo modo.
Sabe-se como eu na outra Câmara, quando se tratou da criação dos Altos Comissários, mostrara temer pela instituição.
Mas quero dizer a V. Ex.ª que o facto de eu sustentar uma opinião em determinado período não me levava a vir para este lugar sustentá-la, provocando conflitos que pudessem acarretar grandes inconveniências para o País.
Tenho de servir bem e lealmente o meu País, muito embora tenha de mostrar que me enganei em qualquer ocasião.
Pensei que era da máxima conveniência, reservadamente, ouvir a opinião dos últimos governadores. Êste ponto exigia reservas, mas logo no dia seguinte os jornais davam a notícia que fora nomeada uma comissão, para estudar o Convénio com a União, logo o telégrafo comunicou êsse facto para Moçambique e logo se levantou uma campanha contra o Alto Comissário, dizendo que era tanta a confiança que o Govêrno tinha no Alto Comissário que em Lisboa era nomeada uma comissão.
Ora isto é absolutamente falso, porque eu apenas desejava um conselho para me habilitar a ter a certeza que não estava a ver bem a questão.
Mas só em Novembro recebi o relatório; daqui pode a Câmara verificar se era desconfiança do Ministro ou do Govêrno no Alto Comissário.
Êsse parecer não era contrário a fazer-se o acôrdo com a Câmara de Minas, mas dizia que era inoportuno o contrato.