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Diário da Câmara dos Deputados
Govêrno com a aprovação desta moção, forma-se um novo Govêrno presidido naturalmente pelo meu ilustre leader acompanhado no Govêrno por todas as pessoas que como êle pensam, e o primeiro acto dêsse Govêrno seria dizer ao Sr. Smuts, «o Govêrno do meu País denuncia o Convénio, mas o Govêrno do meu País quere novamente o Convénio».
Eu pregunto se esta atitude seria a mais prestigiosa para a República.
Sr. Presidente: vejo-me obrigado, pela opinião que já manifestei sôbre a matéria em discussão, a votar a segunda moção, moção do Sr. Jaime de Sousa.
Mas, votando esta moção, declaro à Câmara os termos em que o faço.
Sou, Sr. Presidente, Deputado Nacionalista, e a êsse propósito eu direi ao Sr. Ministro das Colónias que o Partido Nacionalista não é uma fusão como S. Ex.ª disse. Eu bem sei que o seu programa só poderá ter sanção no Congresso partidário, mas os homens que constituem o directório poderão dizer ao Sr. Ministro das Colónias que se agregaram antes do Sr. Álvero de Castro ter declarado a esta Câmara que o Partido Nacionalista estava constituído, que êle ora formado por pessoas que compunham os Partidos Liberal e Reconstituinte, com os fins gerais expressos no manifesto que é do domínio público.
Não se trata dum partido em formação, é um partido formado a que o Congresso vai dar sanção.
Apoiados.
Eu, se dou o meu voto à moção do Sr. Jaime de Sousa, é porque ela, apesar de ser uma moção de confiança, é limitada a esta questão que é colonial, como diz o Sr. Portugal Durão, mas que é também internacional a meu ver.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Álvaro de Castro: — O Sr. Ministro das Colónias iniciou as suas considerações por uma picaresca anecdota. Não será de estranhar que eu inicie também as minhas considerações por uma anecdota muito própria porque é colonial.
Os pleitos dos indígenas são resolvidos pelos administradores. Vêm as partes ao administrador que as ouve durante muito tempo. Em certa ocasião uma dessas partes falou largamente durante uma hora e o administrador, já aborrecido, preguntou ao intérprete:
— O que tem êle dito?
— Saiba V. Ex.ª que êle ainda não disse nada, respondeu o intérprete.
É, pouco mais ou menos, o que sucedo com o Sr. Ministro das Colónias.
Os Ministros governam e os Deputados é da sua função criticar os actos do Govêrno. Nisso a liberdade é ampla e completa.
Na minha vida pública desejo a publicidade porque procuro sempre o tribunal da opinião pública e norteio os meus actos dentro de uma estrita moralidade, no desejo de defender os interêsses de Portugal e levantar o nome da Pátria. Toda a minha vida está bem a claro para todos.
Era melhor que as palavras do Sr. Ministro das Colónias, em vez de parecerem ou o quererem ser insinuações, fôssem acusações claras e francas.
O que escrevo e o que digo aqui no Parlamento ou lá fora está sujeito à critica do Sr. Ministro das Colónias e da opinião pública.
As minhas palavras nunca têm o intuito de defender interêsses privados, ou lançar nas discussões a menor suspeita contra a honorabilidade e patriotismo daqueles que entram nessas discussões.
Referiu-se o Sr. Ministro das Colónias a uma comissão nomeada, à qual eu já me tinha referido também, com muito segrêdo e cautela, e deixou cair a insinuação de que para a imprensa tinha vindo o motivo da reunião o nomes de indivíduos, deixando a dúvida de que quem tinha trazido isso para a imprensa tinha sido eu. É bom dizer-se e saber-se que essa comissão foi nomeada pelo Sr. Ministro das Colónias, estando eu ausente dos trabalhos parlamentares havia já muito tempo, pois todos sabem que eu abandonei os trabalhos em princípios de Agosto do ano passado e só regressei a êles na actual sessão legislativa.
Recebi, de facto, uma comunicação do Sr. Ministro das Colónias, nas Pedras Salgadas, e nessa ocasião escrevi a S. Ex.ª dizendo a minha opinião sôbre o assunto e estranhando a forma como era nomeado para uma comissão sem ter havido da parte de S. Ex.ª para comigo a delica-