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Diário da Câmara dos Deputados
Ninguém protestou!
Isto fez-se; mas pessoas bem intencionadas, zelosas do interêsse público, pessoas interessadas pela moralidade de administração republicana, criaturas não republicanas, que estão sempre encontrando motivos de acusação, fizeram-no com propósitos honestos, de boa fé.
Já aqui declarei e torno a acentuar, isto não levou o sobressalto entre essas pessoas honestas.
Desde a primeira hora que se fizeram démarches, exerceram pressões para obter lucros nessa emissão.
«O formidável escândalo».
Estava nas arcadas do Terreiro do Paço s vejo um homem com O Século na mão a dizer: «Mais um escândalo. É preciso acabar com isto».
Surpreendido fiquei quando, na tarde dêsse mesmo dia, soube que êsse homem era amigo íntimo, apaniguado de uma das pessoas que tinham feito pressão para que lhas frase dada participação no negócio.
O Sr. Cunha Leal: — Diga o nome dessas pessoas Sr. Vasco Borges.
O Orador: — Eu só digo o que quero» E como não estou perante o tribunal digo apenas aquilo que entendo.
O Sr. Cunha Leal: — Para acusar precisa-se dizer o nome dos homens.
O Orador: — Daqui resultou alarmar-se a opinião pública pelos que querem defender a moralidade da administração, os que se interessam sempre pelo prestígio das instituições.
Estou convencido, tenho a certeza até, de que esclarecido como fica êste caso, não resultará para nenhum dos homens que nas cadeiras do Poder intervieram no facto a mais ligeira sombra de suspeição, e só ficam os protestos veementes contra os que pretendem servir interêsses inconfessáveis.
O orador não reviu.
O Sr. Cancela de Abreu: — O assunto que acaba de ser tratado pelo Sr. Vasco Borges quis eu tratá-lo ontem em negócio urgente, e isso foi-me impedido pela maioria que entendeu que o assunto não prestava.
Hoje foi. concedida a palavra ao Sr. Vasco Borges para o tratar em negócio urgente, sem sequer se consultar a Câmara.
Sei que V. Ex.ª podia fazê-lo dentro do Regimento, mas permita-me que faça o confronto do que se passou ontem e o que se passa hoje. Aqui os direitos de todos são iguais ou não são?
Um negócio que não era importante ontem passou a sê-lo hoje?
Por quê?
Quando eu ontem tratei, muito sumariamente, do caso dos selos não estava presente o Sr. Vasco Borges, que hoje com desassombro o tratou.
Só me importa do caso a atitude do Govêrno.
O Govêrno devia pôr a concurso a emissão dos selos comemorativos do raid. Não o fazendo, e facilitando um negócio chorudo, cometeu uma imoralidade.
O orador não reviu.
ORDEM DO DIA
Foi aprovada a acta.
Prossegue a discussão do parecer n.º 424 que autoriza o Govêrno a contrair um empréstimo em ouro.
O Sr. Barros Queiroz: — Sr. Presidente: começo por chamar a atenção de V. Ex.ª e da Câmara para a maneira como decorre a discussão do empréstimo, do Orçamento e dos tabacos, e tanto assim que, estando há doze dias em discussão a proposta do empréstimo, só falaram cinco oradores, e eu estou inscrito desde terça-feira da semana passada. A discussão assim eterniza-se e perde todo o interêsse.
O Sr. Ministro das Finanças, quando me deu a honra de responder às considerações que fiz, referiu-se à confiança que a Câmara podia ter nele; ora, se S. Ex.ª se refere à sua honorabilidade de homem de bem, eu devo declarar, pela forma mais categórica, que tenho a máxima confiança em S. Ex.ª (Apoiados) mas como homem de bem, mas como Ministro das Finanças, não lhe nosso dar essa confiança, desde que conheço os seus propósitos.
Também o Sr. Augusto José da Cunha negociou o empréstimo de 1891 em con-