O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

31
Sessão de 23 e 24 de Março de 1923
rio que temos de alcançar, porque é êsse o melhor processo, e quási o único problema que temos de momento a resolver no País, que embora muito gastasse com a guerra, não teve regiões devastadas nem tem casos importantes de destruição a reparar.
E assim é que, estando nós na verdade, numa situação financeira má, essa situação financeira não é de tam difícil resolução como a de outros países. Bastava conseguirmos uma melhoria cambial para quási termos resolvida a nossa situação financeira.
Sr. Presidente: mostrou-se muito preocupado o Sr. Cunha Leal pelas graves consequências que podem resultar da presente proposta.
Ou há confiança, ou não.
Apoiados.
Se o Ministro não merece a confiança do País, então é dizer-lho: — Vá-se embora!
Conheço muitas propostas de empréstimo de vários países, e não vejo que no geral elas estejam mais restritivas do que aquela que tive a honra de apresentar a esta casa do Parlamento. De resto, se viéssemos com imensas restrições, isso é que era fazer o jôgo dos especuladores.
Denunciando-lhes do antemão todos os detalhes de uma operação que vai realizar-se, êles empregariam todas as suas artimanhas para embaraçar a acção dos Govêrnos.
Demais, costuma-se dixer que «o segredo é a alma do negócio», e nestes casos muito mais vale êsse segredo.
Sr. Presidente: não vejo efectivamente que tais grandes liberdades concedidas ao Govêrno possam causar preocupações, mesmo que elas sejam aprovadas tal como foram apresentadas na proposta.
Referiu-se depois o Sr. Cunha Leal às manobras artificiais para fixar o câmbio.
Também neste ponto tenho de repetir o que já disse.
Ou se considera o Ministro como um imbecil ou como um mal intencionado.
De outra maneira eu não sei como o Ministro se pode deixar arrastar por essas manobras artificiais. O do que efectivamente o Ministro precisa é dos elementos de informação necessários para saber se qualquer operação corresponde a necessidades económicas do País, ou se o que há é resultante de especulações daqueles que se não preocupam com os interêsses, do Pais, mas apenas com os interêsses particulares.
Quando o Sr. Cunha Leal ocupou a pasta das Finanças, e começou a mostrar ao País quanto valia o seu talento, nessa ocasião houve uma oscilação cambial, e S. Ex.ª nada fez, porque lhe era impossível.
Ela depende de variadíssimos factores, que não é possível determinar com facilidade.
Ainda ante-ontem tive notícia que numa das grandes capitais da Europa se reuniram três representantes dos maiores bancos do mundo para resolver o que se havia de fazer sôbre a questão cambial francesa, e valorização do franco.
Não se chegou a acôrdo, por que cada um queria dar à libra certo valor correspondente em francos.
Mas, pelo que se conhece em Portugal, podemos garantir que é verdadeira a afirmação de que a situação cambial não corresponde de forma nenhuma ao seu estado económico, mas é antes filha duma especulação desenfreada e duma grande desconfiança, com muitos outros elementos ainda.
Referiu-se o Sr. Cunha Leal ao que aconteceu quando da tentativa da negociação do empréstimo dos 50:000. 000 de dólares.
Não duvido que o momento de espculação, feito à volta dessa operação, alguns maus resultados tivesse originado., e o maior factor da desvalorização está nessa especulação em que se meteu toda a sociedade portuguesa, em que todos querem ganhar sem trabalhar.
Segundo disse na comissão de finanças, eu escolhi para a minha proposta aquele processo que me pareceu mais conveniente para o País.
O Sr. Cunha Leal há-de fazer a justiça de supor que se eu assim não estivesse convencido, e que se os argumentos apresentados pelos Srs. Deputados contra a proposta me tivessem levado à convicção de que a operação era má, eu teria arrepiado caminho.
S. Ex.ª nunca poderá ter porém a impressão de que não é meu desejo ser útil ao País.