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Diário da Câmara dos Deputados
Com que consciência se faz a discussão do Orçamento!
Não conheço imoralidade maior do que o desrespeito às disposições regimentais.
Discussão, sem número, de quaisquer projectos ou propostas de lei, isso, com orgulho o digo como representante da minoria monárquica desta Câmara, não sucedeu mais desde que aqui está esta minoria monárquica a desmanchar prazeres, esta minoria monárquica a exigir o cumprimento da lei.
Com muito orgulho o digo, e ainda com maior orgulho digo a V. Ex.ª que bastou, que a minoria monárquica estivesse afastada dos trabalhos parlamentares para que a imprensa noticiasse que se tinham votado, sem número, inúmeras leis, uma das quais continha mais de trinta artigos e quatrocentos capítulos!
Orgulha-se êste lado da Câmara de se opor tenazmente a todas estas imoralidades.
Orgulho-me de fazer parte duma minoria que é realmente uma oposição a valer, luas que se não apresenta como uma oposição intensificada.
Interrupção do Sr. Manuel Fragoso que se não ouviu.
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Nós não temos de dar número ao Govêrno. Não somos maioria; nem são os monárquicos que têm de dar número ao Parlamento da República.
Nova interrupção do Sr. Manuel Fragoso que se não ouviu.
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Não temos de aguentar Govêrnos da República.
O Sr. Manuel Fragoso: — Ainda estão os outros monárquicos?
O Orador: — O Sr. Manuel Fragoso, por quem tenho a maior simpatia, veio mal humorado pela maneira como o trataram no Congresso do seu partido; e nessas condições S. Ex.ª veio aqui desabafar, integrado naquele, espírito de ordem e disciplina que os partidários todos manifestaram no Congresso Democrático.
Interrupção do Sr. Carlos Pereira, a qual se não ouviu.
O Orador: — Tem V. Ex.ª razão, Sr. Carlos Pereira; fez V. Ex.ª muito bem em frisar que a ordem que lá reinou foi republicana e, como eu sou monárquico, não quero ordem daquela.
Sem querer de maneira alguma protelar o debate nem irritá-lo, pois não costumo pôr nos debates aquela ordem republicana a que se referiu o Sr. Carlos Pereira, eu direi a V. Ex.ª, Sr. Presidente que não há quem mais desrespeite a lei por que se rege do que esta casa do Parlamento.
Quando na legislatura passada o Sr. Presidente, Domingos Pereira, interpretava as alterações ao Regimento pela forma que hoje propõe o Sr. António Fonseca, êste lado da Câmara provocou explicações e essa interpretação não foi seguida.
Devo acentuar que foram os Deputados monárquicos que pediram o cumprimento da lei.
Lamento, e lamento profundamente, ter de tomar parte nesta discussão: primeiro porque, a título de apressar a discussão do Orçamento, não sei quantas vezes se tem essa discussão interrompido.
Confesso que não conheço tal modo de apressar.
Tem-se perdido uma grande porção de sessões por questões de somenos importância, as quais não foram levantadas por êste lado da Câmara.
Mas outra razão há ainda para que ou lamente ter de intervir no debate e essa razão é que, tendo sido resolvido discutir o parecer n.º 225, se venha intercalar outro projecto.
Não queremos a responsabilidade dêsse facto.
O Sr. Manuel Fragoso: — Então V. Ex.ª pretende abalar as convicções republicanas da guarda fiscal?
Pelo amor de Deus!
O Orador: — V. Ex.ª sabe bem, Sr. Manuel Fragoso, que nem eu, nem qualquer dos meus colegas dêste lado da Câmara, costumamos falar para as galerias.
V. Ex.ª sabe bem quantas vezes nós aqui vimos defender princípios que porventura não estejam de harmonia com aquilo que defendem os que me ouvem.