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Diário da Câmara dos Deputados
lega Sr. Cunha Leal; assim assumiríamos a responsabilidade.
A aprovação da proposta do Sr. António Fonseca não modifica a opinião pública a respeito do conceito parlamentar; e de mais, Sr. Presidente, nós não podemos aprovar um artigo sem de facto ter sido aprovado o outro artigo anterior. V. Ex.ª sabe melhor do que eu que em Inglaterra uma lei tem de voltar mais de uma vez ao Parlamento, embora aprovada.
Ora, não tendo nós essa arma, não é legal o que se vai fazer, porque só é ilegítimo quando isso se faz por obstrucionismo inferior, mas deixa de o ser quando porventura numa discussão muito, apaixonada convém deixar consultar o travesseiro, como se diz em linguagem popular mas muito expressiva, e pregunto se S. Ex.ª com a sua proposta está convencido de que presta um grande serviço à marcha dos trabalhos parlamentares.
Estabelece-se diálogo entre o orador e o Sr. António Fonseca.
O Orador: — Respeito e considero muito V. Ex.ª, mas confesso que nas discussões parlamentares os diálogos me desagradam.
A minha primeira objecção,, motivada pelo facto de não ter ouvido precisamente a proposta do ilustre Deputado Sr. António Fonseca, cai pela base, porque, na verdade, estou certo de que aqui nenhum Sr. Deputado hesita em sacrificar o que recebe na Câmara, se entende que a sua saída da sala impede a votação de qualquer proposta que seja inconveniente para os interêsses do país.
Apoiados.
Não há aqui ninguém que hesite em presença de tal sacrifício, que, pode dizer-se, não é muito grande, embora seja sensível para muitos dos nossos colegas, porque infelizmente nem todos somos ricos.
É bom, no emtanto, atender-se a êste ponto, pois que há nesta sala pessoas que dedicadamente servem o país, mas que não tem os recursos que outros possuem e, portanto, tal sacrifício, que para outros é nulo. para êstes é porventura muito pesado, não me parecendo de inteira justiça abusar dessa fraqueza, que às vezes é uma alta virtude.
Quem se encontra em desafogada situação financeira pode olhar para êsse sacrifício desdenhosamente, mas com quem em tal situação não se ache já o mesma não sucede.
De resto, também me não parece que do facto de se obrigar a uma votação nominal, estabelecendo-se o dilema do que o Deputado ou entra e vota ou não pode entrar, possam advir grandes vantagens para a Câmara.
Um àparte do Sr. António Fonseca,
O Orador: — É uma violência obrigar-se a uma votação nominal.
O ilustre Deputado, Sr. António Fonseca, que é um parlamentar distinto, compreende que nem sempre convém fazer ama votação nominal.
Não preciso esclarecer o espírito de S. Ex.ª de que muitas vazes não há vantagem em se fazer votações nominais é tanto assim que só se pedem em certas circunstâncias.
Sr. Presidente: terminando as minhas, considerações, direi novamente, em nome dêste lado da Câmara, que quanto à primeira proposta do Sr. António Fonseca não podemos dar-lhe a nossa aprovação, prometendo até fazer-lhe uma oposição fortíssima, a mais decidida que se possa fazer para que não venha a fazer parte do novo Regimento; quanto à segunda proposta, devo dizer que por mim não terei dúvida em lhe dar a minha aprovação.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Manuel Fragoso: — Sr. Presidente: começo por requerer que a sessão seja. prorrogada até que se liquide a discussão das duas propostas apresentadas pelo Sr. António Fonseca.
Sr. Presidente: não mo alongarei em considerações porque não quero protelar esta discussão, visto ter empenho em que essas propostas sejam aprovadas, e ainda porque tenho o maior desejo de que se faça ainda hoje a votação do parecer que diz respeito à melhoria dos vencimentos da guarda fiscal, assunto com que o Sr. Carvalho da Silva procurou explorar politicamente.
Não pode a maioria parlamentar democrática deixar de aplaudir as duas pro-