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Diário da Câmara dos Deputados
tão foi para salientar êste facto: que a maioria não quere fazer ditadura democrática com o número de que dispõe nesta casa do Parlamento.
O actual relator do orçamento, por quem tenho muita consideração, já desempenhou êsse lugar há muitos anos.
Sem desprimor para S. Ex.ª, julgo que seria conveniente que os relatores dos orçamentos se revezassem.
Desta vez é mais decisivo o para êste facto chamo a atenção da Câmara e do Sr. Ministro da Guerra.
Disse o ilustre Deputado. Sr. Pinto da Fonseca, que é necessário ir para a frente, reorganizando os serviços do exército. Se bem que com menos violência, S. Ex.ª e ano passado disse a mesma cousa; mas não é pela discussão do orçamento que se reorganiza o exército. Durante um largo lapso de catorze meses, que vai decorrido desde a discussão dos orçamentos de 1922-1923, nada, absolutamente nada se fez pela parte do Govêrno que permitisse melhorar e exército. É certamente assim continuaremos, porque o Sr. Ministro da Guerra, que há já alguns meses ocupa êsse elevado cargo, ainda não pôde ou não quis conseguir da comissão, de guerra que ela dêsse os pareceres respectivos e que a maioria lhe concedesse o apoio necessário para que algumas medidas indispensáveis para o exército fossem aprovadas.
Não é segrêdo para o Sr. Ministro da Guerra, um técnico de excepcional competência, um oficial ilustre que aos serviços militares se dedica há muitos anos, que os problemas mais graves que devem prender à nossa atenção são o das promoções desordenadas que se têm feito e o da falta de instrução dos quadros, para o que não há a verba necessária, verba que não vemos incluída no projecto de orçamento que há-de ser discutido nesta Câmara.
Isto é que magoa todos aqueles militares que ao exército dedicam carinhosamente o seu interêsse e o seu estudo.
Se assim caminharmos, continuaremos nesta atonia mental, nesta atrofia moral em que temos permanecido há muitos anos.
Não devemos deixar que o exército que lutou nos campos da batalha, que sacrificou milhares de vidas em África e em França, continue sem que seja possível um melhoramento, sem que consiga obter um aperfeiçoamento para os seus organismos.
Não sou da opinião do Sr. Tôrres Garcia, quando diz que deviam ser empregadas medidas violentas contra aqueles que num dado momento não souberam cumprir devidamente as suas obrigações.
Passo uma esponja sôbre êsses factos; e tenho autoridade moral para o fazer, porque não há no meu passado cousa alguma que me possa manchar.
Intervencionista sincero, querendo que Portugal entrasse na guerra, aproveitei todas as oportunidades que se mo ofereceram para cumprir o meu dever.
Mas, Sr. Presidente, não acho que devamos estar constantemente a mexer no passado quando dele não pode vir uma luz mais resplandecente que ilumine o futuro.
O Sr. Tôrres Garcia: — Não apoiado.
O Orador: — O que é indispensável é melhorar o futuro, é que o Sr. Ministro da Guerra ou algum Deputado, por sua iniciativa, apresento aqui aquelas medidas necessárias para seleccionar os quadros: é que se trate de dar ao corpo de oficiais do exército aqueles elementos de estudo de que absolutamente carece.
A remodelação a que aludo na minha declaração de voto, apensa ao parecer que acompanha o orçamento do Ministério da Guerra — e para êste facto chamo a atenção do Sr. Ministro da Guerra e do Sr. relator do orçamento — apresenta-se-me de tal maneira simples que a julgo possível dentro das atribuïções do Poder Executivo.
Eu penso que, sem reorganização do exército, executando a actual lei orgânica, mas fazendo aquilo a que chamo administração, se pode conseguir realmente aquele objectivo que pretendemos.
O grande mal do exército está na dessiminação dos seus elementos.
Se o Ministério da Guerra, em lugar de no seu orçamento distribuir verbas por tantas e tantas unidades que estão dessiminadas pelo País, concentrar êsses efectivos, consegue realizar uma apreciável economia. Se, não falando em reorganizações, o Sr. Ministro, ao abrigo dum