O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

12
Diário da Câmara dos Deputados
tância de composição que é requisito essencial de boa qualidade. Assim o verificou e ponderou no seu proficiente relatório sôbre o assunto o director dos estudos e ensaios de materiais de construção.
Impressionados por êstes factos e tendo conhecimento dos valiosos jazigos de calcáreo argiloso e de margas existentes no sítio da Maceira, não longe da estação de Martingança da linha de Oeste, empreendemos o estudo do problema do fabrico de cimentos em larga escala pelos processos mecânicos mais aperfeiçoados, que assegurassem a absoluta constância da sua composição.
Foram feitos os devidos ensaios de laboratório por um dos mais autorizados técnicos especialistas, o Dr. Hans Kuhl, de Berlim, tendo demonstrado as análises e as experiências que se podia fabricar com as matérias primas ensaiadas cimento Portland da melhor qualidade com resistência superior à regulamentar.
Decidiu-se pois constituir a Empresa requerente e criar uma fábrica dotada com as mais perfeitas instalações para produzir desde logo 50:000 toneladas por ano, prevendo-se» o seu alargamento para se poder elevar essa produção a 100:000 toneladas, contando-se não só com o mercado nacional na metrópole e nas colónias, como ainda com a possível exportação para o Brasil e Marrocos.
Era um gigantesco empreendimento demandando avultadíssimo capital para a construção da fábrica e de um ramal de caminho de ferro que ligasse com a linha de Oeste e para a acquisição de maquinismos.
A fé nas condições de viabilidade da nova indústria e no futuro económico do País determinou a constituição da emprêsa requerente e a realização do vasto plano concebido para o fabrico de cimento em grandes fornos rotativos metálicos, em que a matéria prima em pó humedecido é sujeita à acção do combustível inflamado: óleo ou carvão pulverizado.
Pediu-se ao Govêrno o justo e modesto auxílio constituído pela isenção de direitos dos maquinismos que houvessem de ser importados com o patriótico objectivo de libertar o País do pesado tributo do aquisição de cimentos estrangeiros. Acolheu favoravelmente o pedido o Ministro do Comércio de então, Ex.ª rao Sr. Ernesto Navarro, que apresentou às Câmaras a proposta de 20 de Novembro de 1919, publicada no Diário do Govêrno n.º 273, 2.ª série, de 22 de Novembro do mesmo ano, concedendo isenção de direitos a todos os maquinismos e acessórios para os trabalhos das indústrias fabris e agrícolas que fossem importados no continente, ilhas adjacentes e colónias.
Teve essa proposta parecer favorável das respectivas comissões e tudo fazia crer que seria em curto prazo convertida em lei.
Entretanto era iniciada a construção da fábrica e ramal e procedia-se à escolha e encomenda dos maquinismos, contando-se com a promulgação de tam justificada providência antes da sua vinda que só bastante mais tarde se realizaria.
As conhecidas vicissitudes da política nacional não permitiram, porém, que a proposta, seguisse todos os trâmites regulamentares até a sua aprovação, não tendo até hoje sido tomada resolução sôbre o assunto.
Entretanto iam chegando os maquinismos encomendados, pelo que a requerente pediu e obteve o adiamento do pagamento dos direitos mediante o respectivo termo de fiança que lhe foi concedido em 10 de Julho de 1920 e necessárias prorrogações de prazo para a liquidação de direitos devidos, na esperança de que fôsse cumprida a promessa que lhe fora feita e quê o Govêrno procurara realizar.
O agravamento de câmbios e a elevação do preço de materiais, salários e fretes exigiam a imobilização de capital muito mais avultado do que se esperava. Lutou a emprêsa com todas essas dificuldades e cheia de perseverança conseguiu vencê-las devendo começar a funcionar dentro de dois meses o estabelecimento industrial por ela criado e que representa porventura a mais larga iniciativa tomada entre nós em matéria industrial.
Acham-se imobilizados milhares de contos e estão pendentes de liquidação cêrca de 400 contos de direitos do importação de maquinismos, encargo que seria enormemente agravado se se lhe aplicassem os preceitos vigentes relativos ao pagamento em ouro.
Com êsse encargo não contava a requerente confiada na justa e benévola ati-