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Diário da Câmara aos Deputados
Sr. Presidente: lamento profundamente Que camaradas meus do exercito, da Guarda, procedam desta forma, e faço votos para que êles se não repitam, pois, na verdade mal vai se oficiais do exército ou da armada resolverem vir agredir todos aqueles que adentro desta Casa fizerem quaisquer afirmações.
Sou também oficial e assim devo dizer que me sinto profundamente magoado com o facto que acaba de se dar, tanto mais quanto é certo que eu tenho uma autoridade especial como republicano que sou, para falar no assunto.
Termino, pois, dando o meu voto à, proposta que V. Ex.ª fez em nome da Câmara.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Lino Neto: — Sr. Presidente: quando entrei nesta casa do Parlamento impressionou-me vivamente a notícia que me deram do atentado de que foi vítima o Sr. Carvalho da Silva.
Desde logo tive a intenção de pedir a palavra para tratar do assunto em negócio urgente, não o tendo feito devido ao facto de ter sido informado pelo Sr. Presidente do que elo próprio se ia ocupar do mesmo.
Protesto indignadamente contra o atentado do que foi alvo o Sr. Carvalho da Silva, e protesto tanto mais indignadamente quanto é certo que êle não foi somente um atentado pessoal praticado contra o Sr. Carvalho da Silva, mas sim também um atentado contra a independência do Poder Legislativo.
Muitos apoiados.
Trata-se de um atentado igualmente praticado contra a independência do Poder Legislativo, e tanto mais grave êle é quanto é certo que Cie foi praticado por indivíduos que o Estado armou para manter a ordem pública.
Isto, Sr. Presidente, não pode continuar, pois a verdade é que a garantia dos Deputados não é somente para ficar no papel.
É preciso que o País saiba que cada um de nós adentro desta Casa, quer sejam monárquicos, católicos, democráticos
ou independentes, representamos a Nação.
Tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra revisto pelo orador, quando, nestes termos., restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. Almeida Ribeiro: — Sr. Presidente: pedi a palavra para protestar indignadamente contra o atentado de que foi alvo o Sr. Carvalho da Silva.
E verdadeiramente condenável o que se passou, pois representa uma falta de compreensão dos deveres cívicos.
Lamentar tal facto é desejar que a nossa indignação seja sentida lá fora em todo o País, fazendo votos para que de futuro se não repitam factos semelhantes.
A nossa indignação, Sr. Presidente, é decerto idêntica à de todos aqueles que conhecem bem os seus deveres para com o Estado.
Trata-se do ilustre Deputado Sr. Carvalho da Silva, Deputado monárquico com o qual êste lado da Câmara quási sempre só encontra em desacôrdo, mas isso não importa, pois a verdade é que S. Ex.ª, como Deputado, fez aqui afirmações perfeitamente correctas, e no uso legítimo do seu direito.
Por isso, Sr. Presidente, é com verdadeira sinceridade que me associo à proposta feita para que só lance na acta um voto de protesto contra o atentado de que o Sr. Carvalho da Silva foi vítima.
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem.
O orador não reviu.
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Sr. Presidente: acabo de chegar a esta Câmara, depois de ter prestado a minha última homenagem ao português ilustre que foi o Condo de Sabugosa, e presenciei à porta do cemitério dos Prazeres o vil atentado contra o gerente da Companhia União Fabril, que o vitimou. (Sensação). Vi o seu corpo estendido no chão o banhado em sangue.
Venho, pois, impressionadíssimo.
Calculem, pois, V. Ex.ª e a Câmara o estado em que fiquei, ao chegar a esta bancada, por ver Carvalho da Silva ferido