O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

9
Sessão de 25 de Maio de 1923
S. Ex.ª não contente em justificar as razões da sua atitude, entendeu, de alguma forma também orientar ou sugestionar a maioria.
Só ontem, disse S. Ex.ª, falou um Deputado da maioria sôbre o Orçamento.
Esta afirmação não é verdadeira. Não foi só ontem que falou um Deputado da maioria sôbre o Orçamento. Por mais de uma vez eu o discuti, e, portanto, S. Ex.ª não disse a verdade. Não relatou com exactidão os factos.
Mas há ama cousa que não podia deixar passar em claro também na apreciação que S. Ex.ª se permitiu fazer: que quem tinha tratado na discussão do Orçamento do Estado, do assunto com entusiasmo e seriedade tinha sido o Sr. Paulo Cancela.
O Sr. António Fonseca: — Eu não disse isso.
O Orador: — Seriedade...V. Ex.ª dizendo que não havia entrado na discussão do Orçamento com seriedade se não o Sr. Paulo Cancela, tendo eu entrado nessa discussão, não constata os factos.
Devo dizer a S. Ex.ª que me dispenso de tomar a S. Ex.ª por modelo...
O Sr. António Fonseca: — Referi-me à afirmação do Sr. Cancela de Abreu quanto a só eu ter discutido o Orçamento.
Não podia deixar de referir-me às razões por que tinha discutido.
O Sr. Manuel Fragoso: — Só um Deputado da maioria tinha discutido, disse S. Ex.ª
O Orador: — Discuti, e levantei-me p ara dizer que não podia votar a moção do Sr. António Fonseca por ser uma lei especial.
Parece-me ter respondido às palavras do Sr. António Fonseca.
O discurso fera publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.
O Sr. José Domingues dos Santos: — Breves palavras terei de dizer, Sr. Presidente.
O Sr. António Fonseca fazendo fé pelos relatos dos jornais, e dando a êsses relatos o carácter de notas oficiosas — que não são — veio à Câmara atribuir à maioria democrática intuitos que ela ainda não manifestou.
A maioria democrática quando só discutiu a moção do Sr. António Fonseca, fez saber o que pensava sôbre o assunto.
Entende que na verdade a parte da moção do Sr. António Fonseca que dizia que os quadros deviam ser organizados em harmonia com a lei é inteiramente de aceitar.
Simplesmente — o que ainda é, talvez, uma discordância de critério- não aceitamos que quem organizar o Orçamento o organize contra lei.
S. Ex.ª entende que a lei em vigor é outra.
Discutiremos isso na altura própria. Do que se passou dentro das nossas reuniões somos nós os juizes.
Apoiados.
Não estamos habituados a deixar intrometer-se na nossa vida- partidária seja quem fôr, pela mesma razão por que não costumamos intrometer-nos na vida partidária dos outros.
O Partido Republicano Português que está, desde há muito, habituado a sofrer pressões e ameaças de toda a ordem, seguirá o seu caminho, e nem V. Ex.ª, por quem temos a Consideração que se deve a alguém que é, de facto, um ilustre parlamentar, fará que o Partido Republicano Português abdique dos seus princípios.
Continuaremos o nosso caminho sem agravos, mas sem subserviência para com alguém. E assim que vivemos e temos de continuar a viver.
É assim que havemos de viver, e ninguém pense que ameaças de qualquer ordem nos obrigam a fazer aquilo que não desejamos.
Aguardamos o orçamento do Ministério da Guerra. Nessa altura procederemos conforme a nossa consciência e em harmonia com a lei.
Por agora, tenho dito.
O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, guando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.