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Sessão de 6 de Junho de 1923
e o progresso e chamar a um nível igual ao da situação mundial mais progressiva os povos habitantes das regiões mais atrasadas.
E claro que nós não podemos, portanto, contrariar essas correntes em que os países mais armados para essa luta têm desenvolvido grande actividade.
E não podemos evitar também que essas missões escolham os países com os quais têm afinidades ou simpatias, o que leva os países assim escolhidos a defender-se dessas missões estrangeiras, porque elas concorrem, sobretudo, para fazer vingar as modalidades e formas de civilização das próprias nações que as organizam.
E por isso que bem avisado anda todo o país colonial em estabelecer um rigoroso côntrole sôbre todas as missões religiosas de qualquer dogma, que se estabeleçam nos seus territórios, e em contrapor-lhes outras missões da sua nacionalidade.
Eu não discuto, não contrario, nem nego, a acção benéfica que podem exercer sôbre determinados países em completo atraso de civilização as missões religiosas, mas entendo que houve tempo em que as formas da colonização exigiam numa medida mais larga o concurso o colaboração das missões religiosas, ou mesmo das missões laicas, porque julgo que não é a qualidade das missões, laicas ou religiosas, que torna as missões úteis.
Essas missões tem um lado aproveitável, não o aspecto religioso, mas o de civilização de educação do preto.
Em tempos idos poderia servir a missão religiosa, hoje não; a missão só pode ter por fim o ensino sob o aspecto industrial, comercial e mesmo das artes; mas em matéria religiosa de nada serve, pois o preto não distingue os dogmas e tanto compreende uma ceremónia do protestantismo, como o ritual da religião católica apostólica romana.
O preto em matéria religiosa compreende mais depressa e inclina-se mais para a religião de Budha ou para o Islamismo.
O Sr. Presidente: — V. Ex.ª tem só cinco minutos.
O Orador: — Eu termino em cinco minutos.
Sr. Presidente: eu lamento, a meu turno, estar em completa divergência com o ponto de vista do ilustre Deputado Sr. Dinis da Fonseca.
O preto que vai para as minas do Kandr como todo o indivíduo que muda dum território para outro, quando o território para onde êle vai está a um nível de progresso mais elevado do que aquele donde êle partiu, seja êsse indivíduo um negro ou um branco, só tem a ganhar com a mudança.
O preto que vai trabalhar pêra o Transval não vai perder cousa alguma, porque vai ganhar e muito em civilização.
O espoente de civilização e progresso da União Sul Africana é de tal maneira esmagador para o distrito de Lourenço Marques ou para o de Inbambane que — não tenha pena S. Ex.ª! — o preto não vai estragar-se, vai antes ganhar em civilização.
A civilização por meio das viagens não é só aplicável ao caso sujeito; é aplicável a todo e qualquer elemento de viagem, e é lamentável que nós estejamos num país onde isso ainda não se compreendeu, porque todos nós sabemos que até nos mais altos cargos de administração pública têm estado pessoas que nunca viajaram, pessoas que não se deslocaram e não viram novas civilizações, pessoas que só conhecem a civilização onde nasceram e onde pelos propósitos que têm parece que, morrerão.
É de todo o ponto de vista conveniente que o homem viage em nações mais civilizadas do que a sua, para completar a sua educação.
O Sr. Presidente: — Já se esgotou a meia hora que V. Ex.ª tinha para falar.
O Orador: — Eu vou terminar, mas já agora quero acentuar mais uma vez que em matéria de Padroado e missões religiosas ficou bem definido neste debate que a República tem uma tolerância máxima, chegando a dar-lhes auxílio.
Assim, se V. Ex.ª fôr verificar os orçamentos das nossas províncias ultramarinas, designadamente das duas principais, lá encontra V. Ex.ª verbas importantíssimas para êsse fim.
Eu cito a V. Ex.ª o orçamento da província de Angola, onde figura para mis-