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Diário da Câmara dos Deputados
a sua neutralidade em matéria religiosa, abriu uma excepção para o Padroado do Oriente, não só mantendo o statu que ante, mas indo ao limite máximo dó o subsidiar não só com auxílios de diversa ordem mas até com dinheiro de contado, por verba fixada no Orçamento.
Onde está portanto o propósito da República de prejudicar o andamento das questões do Padroado?
Ninguém pensa em extinguir o Padroado do Oriente.
Nem a República, nem os seus homens, que o ouçam todos bem claramente.
Não, Sr. Presidente, não é êsse o aspecto da questão, e aí é que dói aos ilustres defensores dos problemas que vêem porventura em perigo.
É que a civilização manda, é que estas questões evolucionam e o maior inimigo do Padroado Português do Oriente não é nenhum elemento existente em Portugal.
Assim, Sr. Presidente, eu devo dizer que o maior perigo do Oriente é a concorrência que está sendo feita à sua acção espiritual pela actividade das outras igrejas, pela actividade de todos os outros elementos religiosos que existem nas mesmas regiões em que se exerce a actividade do Padroado do Oriente.
O maior- mal para o Padroado Português da África e da Oceânia foi a divisão sucessiva das outras raças, dos outros países, e daí, Sr. Presidente, a existência de outros homens, dê outras autoridades e de outras doutrinas contra o que a luta tem sido enorme.
Assim é, Sr. Presidente, que V. Ex.ª vê exercer-se a autoridade do Padroado do Oriento na Inglaterra, onde a religião do Estado não é, como a Câmara muito bem sabe, católica, apostólica, romana, como o foi entre nós durante muitos, anos, mas sim protestante.
A luta., Sr. Presidente, repito, tem sido enorme,e é por isso que eu digo que o futuro do Padroado Português no Oriente é o que fôr o resultado dessa luta, luta feita em campo aberto, pois a verdade é que todos sabem as condições em que ela se está fazendo.
Referiu-se o ilustre Deputado Sr. Lino Neto à administração do Padroado do Oriente.
O que é facto, Sr. Presidente, é que essa administração está sendo exercida pelo próprio Padroado e, portanto, Sr. Presidente, nós vemos pela exposição dos factos e pelas informações detalhadas que foram apresentadas nesta casa do Parlamento, que essa administração está sendo feita pelo sistema da própria liquidação de bens, sistema de liquidação de bens que é feita por tal forma que não pode haver dúvidas como êsse negócio se fará.
O próprio Padroado do Oriente, ao que se vê, está fazendo uma administração dos seus bens, daqueles que lhes pertencem por uma forma de liquidação.
Assim, Sr. Presidente, eu pregunto a, V. Ex.ª e pregunto a todos que me escutam, se isto pode ser, por mais respeitável que seja a instituição de que se trata e por maiores e mais extraordinários que tenham sido os serviços que ela tenha prestado através da nossa história.
Não, Sr. Presidente, não pode ser, e assim devo dizer que bom é que fique bem preciso e bem assente êste princípio e é que a República não pretende de maneira nenhuma prejudicar o Padroado do Oriente, antes pelo contrário, pretende auxiliá-lo moralmente, monetariamente e materialmente.
Esta é que é a verdade, Sr. Presidente, e é exactamente isto que é necessária que fique bem assente.
O Padroado do Oriente é, Sr. Presidente, fundamentalmente rico.
A riqueza que o Padroado do Oriente possui deve andar, aproximadamente, por uns 42:000 contos, com excepção das catedrais, igrejas principais e elementos destinados ao grande culto.
É, portanto, a liquidação em descalabro de todos estes bens que o próprio Padroado está fazendo dia a dia.
Sr. Presidente: eu queria expor os argumentos necessários para contrariar todos os pontos de vista apresentados pelo Sr. Dinis da Fonseca, mas como o tempo escasseia apenas exponho os principais.
S. Ex.ª supõe também que a República tem o intuito de exterminar as missões religiosas.
Sabem V. Ex.ª e a Câmara que está internacionalizada a acção das missões nas colónias de todos os países; é livre a entrada em todos os países das missões religiosas de outras nacionalidades que tenham por intuito promover a civilização