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Sessão de 6 de Junho de 1923
Portanto o argumento aritmético apresentado pelo Sr. Almeida Ribeiro reduz-se a cousa nenhuma em face da história.
Mas S. Ex.ª ainda disse mais.
Disse que para se saber se deve ou não conservar-se o Padroado é preciso conhecer-se o que êle rende.
Na opinião do S. Ex.ª a razão que deve influir é a comercial.
Se o Padroado rende, deve conservar-se; só não rende, deve extinguir-se.
Acho que é um triste argumento.
As nações não vivem apenas de dinheiro.
Quando tratamos de saber o que vale o Padroado para a grandeza do nome português, não nos devemos deixar dominar pelo critério comercial.
Eu tão havemos do pôr de lado tudo que é tradição, glória e influência moral do nome português ùnicamente porque o Padroado nos pode custar dinheiro, mesmo muito dinheiro?
Quem tal julgue, ignora porventura que todas as nações disputam hoje a rios de dinheiro qualquer parcela de influência que possam exercer em qualquer parte do mundo.
E êste o critério que o livre pensamento quere opor ao catolicismo.
E como poderá êsse critério ser harmonizado com o critério patriótico?
Formulo esta pregunta porque nas nossas discussões não podemos alhear-nos do critério patriótico.
E, Sr. Presidente, êsse critério impõe-nos a necessidade de procurarmos por todos os meios, que não se extinga essa parcela da nossa influência no oriente, que é muito cobiçada.
O Sr. Almeida Ribeiro, falando das missões religiosas, disse que elas de nada valiam.
Pretendeu justificar a veracidade de uma tal asserção com o argumento de que, tendo ido para as colónias muitas missões, se estas valessem alguma cousa, deviam aquelas estar perfeitas e todavia são das mais atrasadas.
Disse mais ainda: que o catolicismo, sendo uma religião muito alta, não pode, ser compreendido pelos negros e que êstes do que precisam é de aprender a fazer comércio, artes e ofícios.
Se tivesse tempo para me alongar em largas considerações, eu mostraria que toda a obra civilizadora do preto precisa do influxo religioso e que tudo quanto apenas se faz com a penetração comercial e política, pratica-se ou para explorar o preto em proveito do branco ou para extinguir a raça preta, substituindo esta pelo branco.
Ora isto não é colonizar, nem civilizar, no sentido moderno destas palavras.
Mas dizia o Sr. Almeida Ribeiro: como se compreende então, valendo as missões, que as nossas colónias estejam tam atrasadas, quando para elas foram mandados tantos frades?
É porque o Estado tem sucessivamente destruído a obra que essas missões têm iniciado.
Por exemplo: a missão de Moçambique iniciou a sua obra.
Veio o Marquês de Pombal e, expulsando os jesuítas, prejudicou-a.
Depois essa obra foi renovada.
A breve trecho, porém, em 1834, foi novamente tudo destruído a pouco e pouco.
Em 1880 reconheceu-se que se estava dando a desnacionalização da colónia.
Procurou-se então arranjar missões à pressa, compostas por padres seculares, que de forma alguma podiam corresponder ao fim em vista, embora dispusessem de toda a boa vontade.
As missões religiosas só podem dar resultados profícuos quando sejam estabelecidas conforme a Igreja prescreve, que são as missões feitas pelas congregações, únicos organismos capazes de especializarem missionários.
As missões, pois, não tem produzido tudo quanto delas se devia obter, porque o Estado tem prejudicado constantemente a sua obra.
Não tem sido possível haver continuidade na obra das missões.
O que se passou em 1834 sucedeu em 1910.
A Zambézia foi obra da missão dos jesuítas, o que é contra a opinião do Sr. Almeida Ribeiro, que descobria em Portugal esta cousa luminosa de que as missões para nada valem.
Os Estados Unidos, a França, a Alemanha, emfim todos os países que se consideram avançados estão a multiplicar os seminários de missões, porque reconhecem-