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Diário da Câmara dos Deputados
dêsse projecto se efectivará? Pois não sabemos que há mil e uma maneiras de iludir a policia e que é fértil o empenho do jogador, de modo a que sempre, em toda a parte e quando queira, o jôgo se exerça, e então com o carácter clandestino, que é o pior por dar mais lugar à fraude, ao roubo, ao latrocínio? Então não vivemos numa sociedade em que o homem é livre nos seus destinos? Então eu vou determinar que só possa ter automóvel quem possua uma certa fortuna ou exigir porventura que apenas se coma, se beba, se goze dentro dos rendimentos próprios? E tudo isto, quando temos a regulamentação da prostituição?!
Comecei por dizer que nunca tinha jogado. Não jôgo porque me não interessa o jôgo, mas tive ocasião de subscrever um projecto de lei regulamentando-o. Muita gente que ouve falar na regulamentação do jôgo calcula que a cada esquina será aberta uma casa de jôgo.
A única forma de o melhorar é regulamentá-lo.
V. Ex.ª sabe que nas terras estrangeiras onde se exerce o jôgo os nativos conhecem o jôgo apenas por ouvir falar nele.
Tenho quási a certeza de que êste projecto será lei morta; há-de ser lei do País porque a maioria, obedecendo a um pequeno grupo do congresso partidário, assim o quere. Mas depois de ver que isso é impossível de cumprir há-de com o seu silêncio admitir a regulamentação.
Tenho dito.
O orador não reviu.
Foi aprovada a acta e entrou-se na
ORDEM DO DIA
O Sr. Presidente: — É com profunda comoção que eu tenho que comunicar à Câmara a triste notícia do falecimento do Sr. Leote do Rêgo.
Não vou fazer o elogio dêste homem público, mas não posso deixar de salientar que era um distinto oficial de marinha e foi durante a Grande Guerra quem — sem desprimor para ninguém — na armada tomou o primeiro papel, desenvolvendo uma enorme actividade para a participação de Portugal na Grande Guerra.
Leote do Rêgo, querendo bem afirmar os seus princípios não só limitou a fazer a propaganda, porque quando chegou ao momento oportuno assumiu o comando da divisão naval e deu à guerra os seus três filhos.
Apoiados.
São êstes factos que não se podem esquecer, como não s e pode esquecer a vibração da sua alma quando êle tratava das questões internacionais.
Leote do Rêgo deixa nesta Câmara um lugar que dificilmente será preenchido.
Estou certo de que V. Ex.ªs vão colaborar comigo, por isso não quero tomar mais tempo à Câmara, e termino propondo que em sinal de sentimento a sessão, logo que finde a comemoração, fúnebre, seja suspensa por 30 minutos e que seja nomeada uma deputação que represente esta Câmara nos funerais.
O orador não reviu.
O Sr. Jaime de Sousa: — Sr. Presidente: é com profundíssima comoção que em nome dêste lado da Câmara, em meu nome pessoal e como oficial de marinha, eu me vou associar à proposta e às palavras de V. Ex.ª
É uma grande figura de português e de patriota que acaba de desaparecer com a morte do almirante Leote do Rêgo. Eu era muito novo ainda quando me habituei a considerar êsse homem como um alto valor nesta terra. Êle era, então, primeiro tenente da armada, e quando cheguei a Moçambique pela primeira vez falava-se já no nome dêsse homem com todo o respeito. Êle tinha feito já então como militar cousas fora absolutamente do comum. Assim, comandante de um navio no rio Zambeze, êle tinha subido o seu curso mais alto do que ninguém; êle tinha passado pela primeira vez a garganta da Lupata, que é qualquer cousa muito difícil de transpor; êle tinha determinado, pela primeira vez também, rigorosa e scientíficamente, toda a posição exacta das cataratas do Queborabassa, até então confusamente indicadas. Era, emfim, um oficial que já se apontava como sendo qualquer cousa de distinto entre os mais ilustres, membros da corporação da armada.
Volvidos anos êsse homem, comandando navios nas costas das colónias, ilustrava-se sempre pela forma brilhante como conduzia o seu navio, pela forma arris-