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Sessão de 26 de Junho de 1923
cada e decidida como se metia nas questões e nos problemas, e era considerado entre os novos oficiais da armada já como mestre, cujos exemplos e cujos conhecimentos eram de seguir e de attender.
Sr. Presidente: é ainda êste homem que volvidos muitos anos, em ocasião de grave perigo para o equilíbrio político do país, eu venho encontrar comandando e dirigindo superiormente um movimento de restabelecimento de todo o prestígio da República, como alma e figura primacial dêsse movimento. Foi em 1914 êsse facto histórico, o logo após êle veio a guerra e é ainda o almirante Leote do Rêgo que com Norton de Matos e Afonso Costa constituem êsse triunvirato, que já hoje pertence à história, em torno do qual se juntaram todos os esfôrços e decisões para que Portugal fôsse ocupar entre as nações beligerantes aquele lugar que como nação civilizada e como detentora ainda hoje dum dos primeiros impérios coloniais tudo lhe indicava que ocupasse. Eu reporto-me às palavras que V. Ex.ª ainda agora pronunciou sôbre êsse acontecimento histórico. Leote do Rêgo não só viu claramente que os interêsses da Pátria estavam ligados à nossa acção na guerra, mas ainda quando se tratou de tomar lugar e posição no conflito êle marchou na vanguarda de todos. Lembra-se V. Ex.ª e a Câmara que foi do gesto realizado pelo almirante Leote do Rêgo, da apreensão dos navios alemães e da mobilização naval que já então se fazia, que resultou a declaração de guerra por parto da Alemanha e consequentemente a nossa entrada na guerra.
Em seguida desenrolaram-se os acontecimentos que estão presentes na alma nacional, e então ficou acentuado mais do que nunca que êsse homem era um daqueles cujo nome ficava escrito para sempre na história portuguesa, porque êle, primeiro do que ninguém ou tanto como os melhores, viu em toda a extensão e com toda a clareza a verdadeira essência do problema.
Sr. Presidente: recorda-se V. Ex.ª que o actual venerando Chefe de Estado, quando então era simplesmente Deputado nesta Câmara, apresentou um projecto de lei para que fôsse dada, por distinção, a êsse grande homem a promoção ao pôsto imediato.
Eu tive a honra de interferir também no andamento parlamentar dêsse projecto de lei, e tive a honra também de ter sido o Deputado que pedia, quando êsse projecto já estava demorado na discussão parlamentar, para que êle fôsse discutido em determinada ocasião, o que se aprovou, tendo sido o projecto de lei votado sem uma única discrepância.
Foi de facto promovido por distinção o almirante Leote do Rêgo, e essa distinção não correspondeu, no momento mais do que a um preito de justiça a um valor que todo o país reconheceu.
Nesta altura só nos cumpre atentar bem nessa figura de grande patriota, atentar bem nos factos que marcam toda a vida dêsse homem ilustre, para que o seu estudo e análise possam servir para encaminhar aqueles que ainda num pessimismo que não se justifica têm dúvidas sôbre o futuro da Pátria, mostrando-lhes, com êsse grande exemplo, que é pelo trabalho, energia, decisões patrióticas e convicções no sentido do máximo sacrifício pela mesma Pátria, que se contribui para que ela seja cada vez maior.
Apoiados.
Sr. Presidente: é com profunda comoção que, em nome dêste lado da Câmara, em meu nome pessoal e como oficial de marinha, me associo sentida e profundamente às considerações e propostas que V. Ex.ª acaba de fazer.
Tenho dito.
Vozes: — Muito bem. Muito bem.
O orador não reviu.
O Sr. Joaquim Ribeiro: — Sr. Presidente: falta-me a serenidade precisa para bem me desempenhar da missão de que me encarreguei pelo facto da morte do almirante Leote do Rêgo. Essa comoção que sinto advém da muita amizade mútua que nos unia. Lembro-me neste momento efectivamente de todas as delicadezas, afectuosidades e estima de que lhe fico devedor.
Sr. Presidente: falando em nome dos colegas independentes desta Câmara, permita-me V. Ex.ª que afirme que todos tinham pelo almirante Leote do Rêgo a consideração que se deve ter por um homem ilustre.