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Diário da Câmara dos Deputados
Sr. Presidente: aqui dentro desta Câmara o Sr. Leote do Rêgo era uma alta figura. Estou bem certo que não há quem não reconheça quanto valia a personalidade de Leote do Rêgo.
Leote do Hêgo amou muito a sua Pátria. Em África prestou grandes serviços durante muitos anos.
Aqui a sua palavra ouvia-se sempre brilhante e fluente, versando os assuntos mais complexos.
Merece desta Câmara a homenagem mais comovida. Não era republicano histórico, mas poucos republicanos antigos prestaram mais serviços à República do que êle. Essa justiça devo fazê-la aqui.
Não era rico. Morreu Leote do Rêgo, e morreu não devendo nada à República.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Aires de Ornelas: — É sempre com sentimento e profunda comoção que vemos desaparecer de ante nós alguém, e ainda mais alguém com quem ontem falávamos aqui.
Eu tinha com Leote do Rêgo relações que se não esquecem, tomadas nos tempos inolvidáveis do comissariado geral de Moçambique, no tempo daquele grande português António Enes.
Infelizmente a República, que tanto tem separado e dividido, durante muitos anos separou as nossas relações pessoais, que só se vieram a reatar sob o mútuo impulso da defesa dos interêsses do país, especialmente duma província, Moçambique.
São estas recordações, e só estas, de que quero hoje falar, e com saudade lembro êsse tempo e essa época em que Portugal nos aparece mais solene e brilhante do que hoje. São estas recordações sobretudo que nos impelem a continuar a servi-lo para que possa readquirir o lugar a que um tam glorioso passado lhe dá jus.
Depois, quando através da Grande Guerra, em que o país se debatia num dos mais críticos problemas da nossa história, também mostrei sempre do meu lugar que estava ao lado dos defensores da entrada de Portugal na guerra, ao lado dos aliados.
Apoiados.
A essa comunidade de ideas e de acção muitas vezes se referia, em conversas comigo, ultimamente Leote do Rêgo, desejando tirar como consequência, em grande parte, da união dos nossos esfôrços a integridade do património colonial português.
A maior homenagem que, estou convencido, eu poderei prestar à sua memória, por isso que seria aquela que melhor lhe cairia na alma, é a de recordar os serviços que êle prestou à nossa província de Moçambique, como oficial de marinha e patriota.
Vai, pois, para êsse distinto oficial o preito da minha saudade, associando-me, em meu nome pessoal e no da minoria monárquica, à homenagem proposta por V. Ex.ª à memória dêsse bom português.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: nunca como hoje eu senti tanta pena da minha insuficiência ao representar o meu partido num preito de homenagem à memória dum nosso colega nesta Câmara.
Eu não desejo, Sr. Presidente, invocar o nome de Leote do Rêgo para relembrar só as suas qualidades.
Se a minha insuficiência mo permitisse eu invocaria o homem, com os seus defeitos e as suas qualidades, para o tornar compreensível.
Quereria demonstrar que através de todas as ambições e de todas as lutas políticas as qualidades das criaturas, quando são superiores aos defeitos, impõem-se sempre e apesar de tudo.
Não quero invocar Leote do Rêgo do 14 de Maio, mas sim o grande propagandista da guerra e o homem sempre pronto a defender a Pátria e a República.
Sr. Presidente: entrei ontem por acaso, na sala onde ocorreu o prelúdio da agonia de Leote do Rêgo. Vi-o abatido, vi-o sufocado, porque o seu coração, com todos os seus defeitos e com todas as suas virtudes, aniquilara o homem. Esforçaram-se então os médicos para fazer voltar à vida o homem que tanto soubera amar o seu País e que sempre através de todas as lutas políticas, soubera afirmar a sua individualidade forte. Nessa hora como nunca, eu vi como a sua figura era galharda. Parece que a vida se lhe tinha