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Diário da Câmara dos Deputados
e, dêste modo, quando tinha um caso grave a resolver julgava dever aconselhar-se, chamava um general ou uma pessoa de competência técnica e especial. Êsse Ministro chamou um dia o Sr. general Morais Sarmento, e êste, depois de informado do que pretendia o Ministro, tendo aberto o Almanaque do Exército disse:
«Êste livro é o que maior incómodo dá a um Ministro; a gente lê-o para encontrar o homem necessário para exercer uma determinada função e não o encontra».
O Sr. Joaquim Ribeiro (interrompendo): — Ora aí está para que serve o exército.
O Orador: — E o que sucede em toda a parte. É preciso sempre encontrar o homem que convém para o seu lugar. Dizem os ingleses: The right man, in the right place.
Mas no nosso país não se liga ao general a importância que se lhe deve ligar, e isso só é para lamentar.
É preciso ainda contar com uma reserva para certos imprevistos que aparecem, e por vezes para substituir alguns generais que estão noutras funções.
O Sr. Brito Camacho (interrompendo): — Era pôr lá o chefe do Estado Maior.
O Orador: — Mas isto está na lei; o que há no nosso país é uma errada interpretação da lei.
O Sr. Brito Camacho: — Em favor de alguém.
Orador: — Não é a favor de ninguém; é que na lei não há nada que impeça um Ministro de nomear A, B ou C e ainda mais o princípio que já aqui tenho ouvido alvitrar em conversas particulares de que os generais não têm antiguidade, e não é preciso decretá-lo porque está no nosso regulamento disciplinar que tem fôrça de lei e diz claramente que a obediência é devida ao mais graduado e ao mais antigo com excepção dos casos em que funções de serviço ou nomeação especial determinam o contrário.
Por vezes estabelecem-se na opinião pública correntes que não são fundamentadas mas que às vezes não permitem que se cumpra exactamente a lei, quando dentro da lei um Ministro tem toda a competência para nomear um general para qualquer comissão; a questão é que tenha fôrça para o fazer.
No, orçamento da guerra, Sr. Presidente, que toda a, gente acha sempre um orçamento enorme, ninguém repara que estão incluídas instituições que muito honram a República e que pesam nas despesas do Ministério da Guerra.
Neste orçamento estão verbas importantes para o Instituto dos Pupilos do Exército, Colégio Militar e Instituto feminino de Educação e Trabalho de Odivelas, e, cousa curiosa, não estão as deduções da parte com que devem concorrer os Ministérios da Marinha, das Colónias e o da Instrução.
Pois, Sr. Presidente, êstes três estabelecimentos podem orgulhar-se de ser modelares no país, assim o tenho ouvido dizer a pessoas autorizadas que não são militares, a ponto de ter havido já quem os, queira tomar para modelos de outros estabelecimentos de ensino a criar.
Mas, se assim é, pregunto: qual a razão por que os outros Ministérios não concorrem para êstes estabelecimentos?
Por que razão não é aliviado o Ministério da Guerra com algumas destas verbas, que muito concorrem para Sarem depois aqui dizer que o orçamento do Ministério da Guerra é enorme?
Outro assunto para que desejo chamar a atenção da Câmara, dos mais importantes nesta ocasião e que não pode de maneira alguma ser económico, é o da aviação.
Sr. Presidente: se não podemos passar sem exército de terra, nem exército do mar, também não podemos passar sem exército do ar.
Houve tempo, até à guerra última, em que se dizia que quem era senhor do mar, era senhor da terra e ganhava a guerra. Hoje, quem fôr senhor do ar é que ganha a guerra. É a prova é que a Inglaterra, que durante muito tempo confiou nas suas esquadras, hoje vê-se muito incomodada e procura competir com a França no seu exército do ar.