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Sessão de 27, 28, 29 e 30 de Junho de 1923
tica do assunto, mas não agravei ninguém apenas tive o intuito do repor as instituições militares na altura em que devem estar.
Quem tem agravado o exercito não são os paisanos que aqui levantaram a voz, mas aqueles que o colocaram na situação em que está, imprópria do sou prestígio e da sua tradição.
Todos nós sentimos na alma a dolorida surprêsa de que esta é a verdade.
Um exército sem moral de nada serve.
Pode V. Ex.ª apetrechar todo o exército; mas se não tiver todas as armas servidas por homens que não tenham apenas a ambição do mando, mas a ambição do cumprimento do dever, V. Ex.ª não terá exército.
Não é o estralejar da metralhadora, nem o troar do canhão que vencem batalhas, porque essas vencem-se por uma fôrça moral, e mais nada.
As palavras do Sr. Ministro da Guerra suponho que foram motivadas pelo que eu aqui disse acêrca da promoção dos oficiais pela lei n.º 1:239.
Tenho aqui presente a consulta da Procuradoria Geral da República, que não foi considerada, pois por um simples despacho da Direcção Geral dos Serviços fez-se o contrario.
Mas há mais: uma informação que não foi pedida foi dada pela 2.ª Repartição, que tinha à sua frente um oficial promovido pela lei n.º 1:239!
Estão nas fileiras do exército os oficiais que foram condenados em Lourenço Marques; e estão nas fileiras do exército os oficiais que se reformaram para não irem para a guerra!
O que sucede?
Todos estão desconfiados uns dos outros.
Os oficiais do primeiro regimento que foi para a guerra fizeram todos os esfôrços para não irem.
O comandante dêsse regimento dirigiu-se ao comandante do Santarém declarando que não ia para guerra. Pois foram os sargentos que tocaram a reünir; e lá foram para França levando tudo completo, pois até os recrutas embarcaram.
O Sr. Ministro da Guerra deve saber isto.
Êsse batalhão chegou a França sem oficiais.
O Sr. Ministro da Guerra (Fernando Freiria): — Ignoro-o.
O Sr. Pires Monteiro: — O batalhão n.º 34 desembarcou em França comandado pelo capitão Freitas.
O Orador: — Os factos que eu aponto são absolutamente verdadeiros.
Quem queira certificar-se nada mais tem a fazer do que ir consultar os documentos que pertencem ao arquivo do Corpo Expedicionário Português.
O Sr. Pires Monteiro: — Está de certo, V. Ex.ª mal informado.
Garanto, sob minha palavra de honra, que o batalhão de infantaria n.º 34 desembarcou comandado pelo capitão Freitas, como já disse.
O Orador: — Esse oficial era o comandante militar do navio que transportou o referido batalhão.
Mas a verdade é que êsse batalhão portou-se dignamente na guerra.
Das ordens do Corpo Expedicionário Português constam várias distinções concedidas a êsse batalhão. Foi mandado formar à direita da brigada por feitos praticados na frente, e foi nomeado para fazer a guarda de honra na festa de 14 de Julho em França.
Pois êsse batalhão ainda não foi condecorado com uma Cruz de Guerra.
Porquê?
Porque êsse batalhão contrariou a acção dos defectistas, que ainda hoje mandam, como mandaram sempre.
O Sr. Lelo Portela: — Então o Govêrno e defectista.
O Orador: — Pode sê-lo o Ministério da Guerra.
Não quero com isto dizer que seja defectista o Sr. Ministro da Guerra; mas são defectistas os homens que no Ministério da Guerra exercem a sua influência.
Mas, Sr. Presidente, isto não passa de um incidente; o que eu quero frisar é que não somos nós, os paisanos, que, intervindo nas questões militares, procuramos agravar o exército.