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Diário da Câmara dos Deputados
Falaram aqui paisanos que durante a guerra levaram ao exército não digo maior eficiência técnica, mas uma melhoria às condições morais em que êle se encontrava.
Refiro-me aos milicianos.
Tenho assim respondido às palavras de injustiça pronunciadas pelo Sr. Ministro da Guerra a propósito das considerações que, nesta Câmara, foram feitas por paisanos a respeito do exército.
Nunca houve, nem podia haver, da parte dêles o menor propósito de agravar o exército.
Só existe neles o desejo de elevar ao máximo prestígio essa instituição fundamental da Pátria.
Quem agrava o exército são aqueles que, exercendo adentro dele as suas funções, se esquecem do que lhe devem para só se lembrarem dos seus apetites de ordem estomacal.
São êsses quem tem levado o exército à triste situação em que êle está hoje.
Já demonstrei que o exército não tem condições materiais que possam corresponder aos faustosos quadros de mobilização que constam do papel.
Dizia ontem o general Sr. Pereira Bastos que se tem de gastar mais com o exército se o quisermos devidamente apetrechado.
Pois gaste-se mais, mas gaste-se bem.
Ninguém recusa ao exército os elementos precisos para que êle seja colocado à altura da sua nobre missão. O que eu disse, inspirado pelo patriotismo que me anima, foi que era necessário arrumar as cousas no capítulo das despesas militares, no sentido de se dar ao exército tudo que êle precise para ser um valor efectivo e eficiente, praticando-se através do Ministério da Guerra apenas aqueles actos que possam nobilitá-lo.
E dentro dessa dureza de acção não foram cereiados todos aqueles elementos que podem levar o oficial a aspirar a subir.
Essa aspiração tem de ser sempre condicionada com o interêsse geral, porque só assim o interêsse particular é legítimo.
Na discussão, acêrca das medidas a adoptar para a solução do problema dos quadros, ao passo que o tenente-coronel do estado maior Sr. Pires Monteiro, defende a necessidade de se tomar uma atitude militar enérgica e decisiva, atacando o mal directamente e de frente, os generais Srs. Correia Barreto e Pereira Bastos optam, ou parecem optar, pela adopção de medidas de carácter emoliente.
O Sr. Pereira Bastos (interrompendo): — V. Ex.ª dá-me licença?
Eu não defendo essa doutrina; apenas a ela aludi como explicação do facto de não se cumprir a lei.
De maneira nenhuma estou de acôrdo com êsses meios emolientes.
O Orador: — Folgo com essas palavras.
O Sr. Pereira Bastos, referindo-se às várias tentativas que se têm pôsto em prática para a resolução do problema, disse que umas eram quiméricas e outras feitas no ar, fixando-se nas grandes vantagens que encontra nas escolas de repetição e na observância rigorosa do desempenho dos serviços que estão permanentemente a cargo do exército.
Com o devido respeito que tenho pelo general Sr. Pereira Bastos e pela sua reconhecida competência em assuntos da sua profissão, eu permito-me dizer a S. Ex.ª que essa teoria, é também muito quimérica.
Os regulamentos militares são bem expressos nas suas disposições que obrigam os oficiais à permanência nos respectivos quartéis.
E contudo todos nós sabemos que essa determinação não é cumprida.
Se o Sr. Pereira Bastos voltar a ser Ministro da Guerra, não anuncie nunca as suas visitas aos corpos da guarnição, porque assim terá, ocasião de constatar que nos quartéis não se encontra murtas vezes nem o oficial de serviço, sequer.
O Sr Pereira Bastos: — Aí tem V. Ex.ª a prova do que eu afirmei. Os oficiais não têm nada que fazer e, por isso, não estão nos quartéis.
O que é necessário é dar-lhes que fazer.
O Orador: — Há sempre que lhes dar a fazer.
Basta que se apliquem as disposições regulamentares.