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Diário da Câmara dos Deputados
Podemos esperar que S. Ex.ª dentro dum período transitório trará mais leis basilares, sem as quais não haverá exército não só na parte referente á orgânica mas quanto a promoções é quadros?
É necessário ainda adquirir aquele material que nos falta por completo, parque dêsses relatórios se depreende que êsse material é inexistente e o estado em que êle ficaria depois da guerra é muito fácil de supor. Creio que o material de artilharia é deficientíssimo. Do de infantaria basta dizer que é o que fez a guerra.
Assim, Sr. Presidente, caminharíamos para qualquer cousa que tendesse a melhorar as instituições militares; o assim também a nossa situação seria diferente dispensando-nos de estar a fazer críticas que não podem ser senão duma maneira genérica, porque não há tempo para discutir artigo por artigo.
Sr. Presidente: não tenho feitio para mo eternizar nas discussões; e se pedi a palavra, foi porque a crueza das palavras do relator me impressionou como antigo militar e porque desejava chamar a atenção da Câmara, do País e muito especialmente do Sr. Ministro da Guerra para esta situação que é traçada por correligionários de S. Ex.ª
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. David Rodrigues: — Sr. Presidente: apresento a V. Ex.ª os meus cumprimentos e os protestos da minha mais alta consideração pelo alto cargo que exerce. A toda a Câmara apresento igualmente os meus cumprimentos.
Sr. Presidente: encontro-me aqui com o desejo de colaborar com toda a Câmara por uma forma honesta, não podendo dizer por uma forma eloquente, porque o não sou.
Não poderei oferecer à Câmara uma grande soma de conhecimentos, porque os não tenho; mas ofereço à Câmara uma grande soma de sinceridade e de desejo de ser honesto. Ofereço também à Câmara o respeito pelos homens, porque isso faz parte integrante dos meus princípios do educação, mas tendo respeito pelos homens, procurando respeitar os homens, não quero dizer que eu, quando me encontrar em conflito com êles dentro dos princípios não discuta êsses princípios com a correcção que prometi, procurando sempre, repito, não confundir os princípios com os homens. E se esta promessa que eu fiz se tornar necessária, julgo que não poderia ter ocasião mais oportuna para a fazer do que neste momento; porque neste momento discute-se um princípio que, contra minha vontade, me vai obrigar a discutir a obra dum homem.
Preciso referir-me ao trabalho dum ilustre Deputado que eu não tenho a honra de conhecer pessoalmente mas que reconheço pelo seu trabalho, pelo que sempre tenho ouvido, que reconheço até pelo que a minha simples observação me dá, que é um homem duma alta inteligência, duma rara envergadura. Dizendo isto, creio que V. Ex.ª já sabem que me refiro ao Sr. António Fonseca.
Tem-se dito que S. Ex.ª é uma das figuras mais brilhantes do Parlamento; pois eu, por aquilo que conheço, pelo que tenho ouvido e pressentido, não terei dúvida em dizer que o reputo uma das figuras mais brilhantes da nossa política.
Os artigos que S. Ex.ª tem escrito são fulgurantes; a inteligência do autor dêsses artigos transpira de palavra a palavra; e eu, fazendo justiça ao homem, e faço-o muito sinceramente e muito convictamente não posso deixar de dizer que em muitos pontos discordo das afirmações que S. Ex.ª fez.
Em toda a discussão dêste orçamento creio que sou a primeira pessoa que tem êste arrojo.
Não sou um homem arrojado, mas sou um homem convicto; e desde que as minhas convicções me autorizam a fazer esta afirmação, faço-a e procurarei demonstrá-la.
S. Ex.ª fez a crítica dos quadros e fê-la bem feita, com aquela competência a que já me referi.
S. Ex.ª fez a crítica, fez a análise, olhou às consequências, mas naquilo que ouvi não notei que lhe fizesse a história. E tudo neste mundo tem a sua história.
Essa história é necessária fazer-se; não só porque é uma verdade que é necessário que se ponha a claro, mas também porque há factos que se não forem acompanhados duma verdade histórica muita gente suspeita do seu espírito de justiça.
Julgo que é o caso presente.