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Sessão de 27, 28, 29 e 30 de Junho de 1923
presenta, da parte do Sr. relator, menos consideração para com a Câmara, mas é um princípio contra o qual eu me insurjo.
A discussão do orçamento do Ministério da Guerra tem-se limitado a tuna afirmação de princípios por parte dos técnicos e a uma crítica da parte daqueles que o não são, crítica que só tem sido prejudicial ao bom nome e ao prestígio do exército.
É fácil criticar, é fácil mostrar defeitos, mas é muito difícil organizar.
Eu tenho ouvido, sobretudo da esquerda da Câmara, não direi insinuações, mas. uma crítica contra a classe militar, querendo atirar sôbre os oficiais o labéu de que êles têm uma ambição exagerada para subir de pôsto, para o que têm lançado mão de todos os recursos.
Vários oradores que me precederam, quiseram demonstrar essa excepção de promoções que existe nos quadros do exército, dizendo que essas promoções são devidas aos oficiais que têm trabalhado para isso.
É contra essa afirmação que eu protesto.
Dizia há pouco um nosso colega que tudo tem a sua história.
De facto, é conveniente fazer-se a história do que têm sido as promoções no exército; e depois dela feita, se conhecerá a verdade.
Pouco tempo depois de proclamada a República, determinados partidos políticos, quando lhes faltavam os elementos constitucionais para poder governar, quiseram criar um novo apoio na classe militar.
Vemos então levantar-se essa campanha entre o exército republicano e o exército monárquico, campanha que chegou ao ponto de considerar como adverso ao regime todo o oficial que não estava filiado num partido da República.
Mais tarde, vemos que já nem para todos os partidos da República êles ofereciam essa garantia, porque cies passavam a ser mais do que hostis ao regime, passavam a ser hostis à nação e eram tidos como oficiais germanófilos.
É assim, o que fez a República para salvar a nação dêsses oficiais anti-patriotas?
Fez aquilo que se chama a republicanização do exército, fazendo um grande número de promoções.
Foi como que o subôrno.
Depois acontecia o seguinte:
Havia comandos que não davam aquela garantia necessária à defesa da República; e como era indispensável encontrar a pessoa idónea para exercer êsses comandos, o que é que se fazia?
Faziam-se promoções até se chegar à pessoa a quem se pretendia entregá-lo.
E assim se obtêm adeptos; e eis a razão por que nós vemos os quadros dos oficiais subalternos todos excedidos.
Além disso, Sr. Presidente, deu-se ainda o seguinte caso: é que, havendo comandos que não davam aquela garantia necessária para a Defesa da República, ou para melhor dizer, ao tal partido, foram-se fazendo promoções até êsses indivíduos.
Veio depois a guerra, Sr. Presidente, tendo-se dado então as exigências naturais da mesma.
Nós vemos porém que, por exemplo, a cavalaria, que não teve de fornecer elementos para a guerra, se encontra com um quadro de oficiais muito elevado, tendo um quadro de 34 oficiais, quando êle deve ser de 12.
Todos os militares que me escutam, Sr. Presidente, sabem perfeitamente que o que acabo de expor é verdade, tendo essas promoções sido feitas não para servir êsses oficiaes, mas sim o interêsse de uma determinada política.
Com que direito vêm agora, Sr. Presidente, êsses políticos falar sôbre o assunto, quando é facto que são êles os únicos responsáveis pela situação em que se encontra o exército?
Não, Sr. Presidente, quem tem responsabilidades sôbre o assunto não tem o direito de vir agora criticá-lo.
O Sr. Carlos Pereira: — Não apoiado.
O Sr. António Maia: — Apoiado, apoiado!
O Orador: — Sr. Presidente: eu não podia deixar de referir êstes factos, e de protestar contra êsses que fizeram com que metade do exército esteja contra a outra metade.
Estamos hoje, Sr. Presidente, sofrendo as consequências dêsses actos que têm