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Diário da Câmara dos Deputados
que o estado maior não possui os elementos precisos para êsse fim.
Mas, reatando o fio das minhas considerações, devo dizer que a cavalaria combate como a infantaria.
Antes da guerra, a cavalaria adoptava como elemento de combate o cavalo; mas actualmente tal não acontece, pois na maioria das vezes os combates são corpo a corpo. Pois, Sr. Presidente, apesar de os combates serem como acabo de referir, ela não possui baionetas.
É claro que, quando a cavalaria está a pé, ela usa dos mesmos processos de combate que a infantaria e necessita das mesmas armas; irias o que é certo é que não as tem.
Sr. Presidente: referindo-me à arma de cavalaria é de absoluta verdade dizer o que já tive ocasião de dizer no ano passado e vou repetir para provar a necessidade que há de a Câmara olhar para estas cousas, e para que se para o ano não houver verba alguma a Câmara não mostrar o seu espanto.
Os cavalos tendo mais de nove anos já não estão novos, e tendo catorze já não estão aptos.
No ano passado eu disse que a última remonta tinha sido em época tal que os cavalos tinham já nove anos, e portanto este ano têm dez.
Deveríamos fazer êste ano nova remonta.
Sussurro na sala.
Pausa.
Eu sei que a Câmara se interessa pouco por estes assuntos que estou tratando, e que se se ventilasse um caso escandaloso o interêsse seria maior.
Não costumo falar para as paredes e se não sou escutado calo-me.
O Sr. Presidente: — Peço a atenção da Câmara.
O Orador: — Mas, Sr. Presidente, vejo com surpresa que não figura no orçamento verba para a compra de cavalos; e assim daqui a dois anos havemos de ler uma arma de cavalaria sem cavalos, e uma arma de infantaria sem armas.
Chamo a atenção da Câmara e bem assim do Sr. Ministro da Guerra para êste assunto, pois estou convencido de que se S. Ex.ªs tivessem proposto na lei orçamental uma verba de 2:000 contos ou 2:500, contos para satisfazer as necessidades do exército, a Câmara não deixaria de a votar.
Refiro-me, Sr. Presidente, à cavalaria, pois, a verdade é que examinando a sua organização actual, a sua situação material, nós vemos que ela se encontra incapaz de desempenhar, a sua missão na guerra.
O que se dá com a cavalaria, dá-se igualmente com outras armas, muito especialmente com a artilharia, pois, nós sabemos muito bem, a ligação que existe entre a arma de infantaria e a de artilharia; o apoio directo que a artilharia dá à infantaria.
O que é um facto, Sr. Presidente, é que a guerra moderna veio mostrar-nos que não há combate de infantaria que não seja apoiado pela artilharia, principalmente artilharia pesada de campanha.
Nós vemos, Sr. Presidente, que lá fora a infantaria tem dois grupos de obuses; pois em Portugal, país essencialmente montanhoso, país por consequência em que o emprêgo dela poderá ter uma especial aplicação, não possuímos artilharia desta.
Nós vemos, Sr. Presidente, por exemplo, conforme a guerra nos veio demonstrar, que para três regimentos de infantaria serão necessários quatro grupos de artilharia.
Relativamente à cavalaria ela não se encontra, repito, em condições de bem poder desempenhar a sua missão.
Chamo, Sr. Presidente, a atenção do Sr. Ministro da Guerra para o assunto, pois seria interessante para a defesa nacional a criação de fábricas, de estabelecimentos, que em tempo de guerra pudessem fabricar explosivos, e em tempo de paz fabricassem produtos químicos.
Parece-me, Sr. Presidente, que seria duma grande vantagem o desenvolvimento de fábricas que em tempo de guerra fabricassem explosivos, e no de paz pudessem fabricar os produtos necessários à agricultura.
Mas, Sr. Presidente, o que eu vejo é que todas as vezes que discutimos aqui o orçamento do Ministério da Guerra, notamos a sua má organização, e a falta de material de que êle dispõe; porém, depois de êle votado, nós vemos que nin-