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Diário da Câmara dos Deputados
Sabe V. Ex.ª aonde isso nos pode levar?
Apenas a isto: é que um dos quadros que fica com a organização actual é o quadro dos farmacêuticos, no qual vai ser promovido a coronel um tenente-coronel.
É natural?
Não é, porque de tal facto resulta nada mais nada menos de que a promoção de todos os actuais tenentes-coronéis do estado maior a coronéis.
Dirá alguém que se podem ir desfazer serviços que estão criados.
Não é bem assim porque, pelo projecto do Sr. Tôrres Garcia, passando tudo à organização de 1911, não haveria mais promoções no exército.
Eu chamo a atenção para êste facto: fui eu o primeiro Deputado que levantou a questão da lei n.º 1:239 e eu nunca serei major com a derrogação dessa lei. Portanto sou insuspeito...
O Sr. António Fonseca: — Tenha V. Ex.ª esperança de que essa lei ainda o hei-de promover a major.
O Orador: — Apesar de tudo, desconfio que nunca serei promovido a major, e que moiro em capitão.
Sr. Presidente: nunca é demais rememorar os erros do passado para que isso sirva de. correctivo ao nosso futuro; e assim volto a falar na lei n.º 1:239.
É preciso que se diga que houve oficiais que pagaram salários a empregados da Imprensa Nacional para publicarem a Ordem do Exército antes que a lei fôsse aqui aprovada.
O Sr. Vasco Borges: — É espantoso. Oiçam.
O Orador: — Os nossos oficiais milicianos têm a idea fixa de que aos oficiais não podem ser tirados os galões.
É um êrro.
Então qualquer oficial promovido por engano ou por outro qualquer motivo há-de manter a sua promoção?
Evidentemente que a moral e a dignidade do próprio exército exigem a despromoção.
Isto sucede em todos os exércitos do mundo; e no nosso já se fez isso quando foi da guerra.
Eu pelo interêsse que a Câmara tem tomado pelo orçamento do Ministério da Guerra vejo que se vai entrar no bom caminho, no caminho da ordem...
O Sr. Pinto da Fonseca: — É pena que isso sucedesse só com o orçamento da Guerra.
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — E êste não se discute sem número.
O Orador: — Eu vejo que vão passar à reserva todos os generais à excepção de sete.
Por esta forma, daqui a pouco o mais modesto pôsto no exército será o de major; e nessa altura talvez eu seja major.
E então não poderíamos ter um exército, gastando muito menos dinheiro e com mais proveito para o País?
Voltando ao assunto dos quadros: tendo nós tomado parte na maior guerra que se tem dado, era natural que dessa guerra, se tivessem tirado os ensinamentos necessários para o desenvolvimento das armas e quadros. Mas tal não sucedeu.
Não se aumentou a infantaria nem a artilharia, mas sim os quadros dos farmacêuticos, dos veterinários e do secretariado.
Quere dizer: o ensinamento da guerra diz-nos que tínhamos a artilharia e a infantaria completas, mas que nos faltavam farmacêuticos, veterinários e amanuenses!
Mas eu chego à conclusão de que os farmacêuticos no exército são muito precisos, pois é costume dizer-se de quem não tem muito juízo quê tem pílulas no capacete...
O Sr. Hermano de Medeiros (àparte): — Registem-se na acta as pílulas no capacete.
O Orador: — Compreende-se que sejam aumentados os quadros dos farmacêuticos para fazerem as pílulas para os capacetes desta gente.
Outro quadro que foi preciso aumentar foi o dos veterinários. Também não admira, pois deu agora uma doença nova nos cavalos, que é a falta de dinheiro; e é preciso maior número de veterinários para estudar essa doença.
Àparte do Sr. Denis de Carvalho que não se ouviu.