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Diário da Câmara dos Deputados
para criar o funcionalismo, quer civil, quer militar, que seja o suficiente, mas eficiente para o serviço. É isto o que acontece com o exército? Infelizmente, não é, tornando-se imprescindível que o problema se estude de uma vez. Como fazê-lo? Não creio que isto possa ser a obra de uma só pessoa, por mais alta que seja a sua categoria e por maior que seja a sua competência. Não creio sequer que possa ser a obra de um só Partido. Nós, os Partidos da República, temos de reconhecer que temos leito muitas revoluções a mais e, porque as fizemos, nos encontramos, em relação a certos problemas, numa situação de certa deminuïção de autoridade e de fôrça.
Devemos pensar que, inesperadamente, podem surgir para o País umas circunstâncias semelhantes àquelas que nos apareceram em 1917 e que tenhamos de fazer um esfôrço para realizar uma obra que não está nos nossos programas.
Ninguém pode estar absolutamente seguro de que amanhã não surja uma nova eventualidade dêsse género; e, por isso, temos o absoluto dever de nos encontrarmos, na possibilidade de fazer o que já fizemos.
Há alguém tão onisciente que possa garantir-nos que num futuro próximo não tenhamos de fazer novamente a nossa colaboração mima guerra?
Eu creio que não. Pelo contrário, tenho ouvido dizer a homens que nos merecem bastante confiança, que tal hipótese ninguém poderá prever que não suceda.
Será absolutamente uma loucura ou um feminismo a previsão da possibilidade dum conflito armado em que nos vejamos envolvidos?
Não há ninguém que o possa afirmar.
Se as pessoas que têm o dever de orientar a política nacional no sentido da defesa do País, não olharem a sério para esta eventualidade, quando amanhã as circunstâncias nos obrigarem a cumprir o sagrado dever de efectivar essa defesa, teriam cometido o maior dos crimes, porque teríamos de suportar ou a vergonha duma derrota ou a vergonha duma cobardia.
Há que fazer sacrifícios. Todos o reconhecemos. Pois façam-se êsses sacrifícios e organize-se o exército como deve ser.
Eu nunca fui partidário de que se desrespeitassem os direitos adquiridos ou as situações criadas. Não quero matar ninguém à fome nem condenar ninguém à miséria; simplesmente o que desejo é que num esfôrço comum haja um pouco de sacrifício do Estado e um pouco de sacrifício dos homens, porque só assim chegaremos a criar uma fôrça correspondente àquella que deve ter o exército português.
O que se gasta actualmente com o exército resulta em simples e pura perda. E por isso valia bem a pena valorizar êstes 139:000 contos, com mais 100:000, porque assim não correríamos a contingência de perdermos os 139:000 contos.
Há uma grande obra a fazer e efectivamente é preciso, disse-o já e repito agora, lançar as bases duma nova política militar.
A República precisa ter uma política internacional, precisa ter uma política de fomento e precisa ter uma política colonial; mas se é deplorável que não tenhamos uma política internacional, se é lastimável que não tenhamos uma política de fomento, e se é triste que não tenhamos uma política colonial, é verdadeiramente criminoso que não tenhamos uma política militar. É preciso arranjá la e essa tarefa incumbe aos políticos ligados aos técnicos e, sobretudo, aos homens que, sendo políticos, são também técnicos. Faça-se o estudo desta questão.
Não é a hora de fazer uma proposta nesse sentido, mas anuncio esta idea para que cada Deputado pense, no fôro da sua consciência, na maneira de a pôr em prática.
Acho que é indispensável, uma vez que a comissão de remodelação dos serviços públicos terminou as suas funções, que nós instituamos uma comissão de defesa nacional, encarregada do estudo das bases da política militar. É necessário que isso se faça.
Sr. Presidente: ao concluir estas minhas considerações, permita-me V. Ex.ª que repita o pensamento que me aninou em toda esta discussão. Longe de fazer um ataque ao exército português que a todos, a nacionais e a estrangeiros, merece a mais alta consideração, eu procurei prestigiá-lo, fazê-lo respeitado e torná-lo bem digno das suas altas funções.
Se, porventura, podem surgir lesados alguns interêsses particulares pela execução dêste meu plano, isso resulta simples-