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Diário da Câmara dos Deputados
Era uma fria madrugada da Flandres. O comboio chegou a En-sur-Ly, desembarcando a unidade, que, se não me engano, era comandada por seis ou sete oficiais. Não sei se quem a comandava era o comandante; mas o que posso afirmar é que fui levá-los ao local dos acantonamentos.
O Sr. Lelo Portela: — V. Ex.ª dá-me licença? Um dos oficiais que nessa ocasião estavam na estação era eu.
O Orador: — Não havia, portanto, como a Câmara acaba de ver falta de oficiais para comandar o batalhão.
Relativamente a um outro ponto também bastante importante, e êsse é a afirmação aqui feita de que a Nação ao lado da qual combatíamos tinha intervindo a favor dêsse batalhão pelo estado em que êle se encontrava, devo dizer que, percorrendo os arquivos do Corpo Expedicionário Português e tendo consultado, muitos oficiais que lá estiveram e aqueles que o comandaram, não encontrei documento algum que se referisse a qualquer intervenção inglesa.
Seguidamente, usou da palavra o Sr. Viriato da Fonseca que advogou a necessidade de se dar ao exército uma nova organização. Estou plenamente de acôrdo com S. Ex.ª
Salientou S. Ex.ª depois a falta de material que o exército tem.
Sr. Presidente: são verdades que não se podem ocultar.
Na realidade é enorme a falta de matéria; e relativamente a gado essa falta é aterradora, não só no presente mas principalmente no futuro. Os solípedes, principalmente os cavalos, que se encontram ao serviço do exército, estão velhos e esgotados por campanhas e pelas necessidades do serviço interno.
E, para mostrar à Câmara quam importante é essa falta, basta dizer que há regimentos que têm apenas 44 solípedes, sendo o que tem mais o regimento de cavalaria n.º 2, que possui 190 cavalos, incluindo os de fileira, montadas de praças e oficiais.
O Sr. Pires Monteiro (em àparte): — Foi por êsse motivo que eu defendi a concentração dos efectivos.
Se V. Ex.ª tivesse apenas três regimentos de cavalaria, nada disso acontecia.
O Orador: — Aqui têm V. Ex.ª, com dados certos, os solípedes que fazem, parte dos onze regimentos de cavalaria.
O Sr. António Maia: — Seria talvez, bom que V. Ex.ª dissesse à Câmara qual o número de solípedes que deve ter cada regimento.
O Orador: — Eu sintetiso nestas palavras: o regimento que tem mais cavalos não tem os precisos para um esquadrão em pé de guerra.
Sr. Presidente: de facto é preciso olhar para êste ponto com toda a atenção, tanto mais que, sendo a verba para ocorrer a essa baixa de 250. 000$ e custando actualmente cada cavalo entre 3 e 4 contos, apenas se poderão adquirir umas dezenas do solípedes.
O Sr. Lelo Portela: — Mas porque é que V. Ex.ª não apresentou uma verba maior?
Interrupção do Sr. Cancela de Abreu que não se ouviu.
O Orador: — Se a falta do cavalos fôsse na mesma localidade, tinha V. Ex.ª razão, mas, como assim não acontece, o número do veterinários tem de ser o mesmo, porque, não sendo as unidades no mesmo local, evidentemente que o veterinário não pode estar ao mesmo tempo em toda a parte.
O Sr. Cancela de Abreu (interrompendo): — Mas eu não critico o actual parecer da comissão sôbre os veterinários.
O que acho extraordinário é que, não havendo cavalos, se pretenda criar uma oficina de ferradores.
O Orador: — Perdão! Não é uma oficina, mas máquinas de fazer ferraduras.
Como V. Ex.ª fàcilmente verifica, é uma despesa produtiva.
Os oficiais também se reduziram porque os quadros foram reduzidos com o máximo cuidado.
Sr. Presidente: após estas minhas considerações chega-se à esta conclusão: o exército tem necessidade de adquirir ca-