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Diário da Câmara dos Deputados
falecido tenente-coronel Gore Brown, que se bem me recordo foi promovido a êste pôsto expressamente para seguir para Nhamacurra a assumir o comando das fôrças que ali se encontravam.
Dias depois dava-se em Nhamacurra a completa surpresa tática das tropas anglo-lusas do comando do tenente-coronel Gore Brown, devido a não ter tomado as precauções que devia, em face das constantes ordens e informações emitidas pelo comando superior da expedição.
As tropas de Gore Brown ocuparam uma extensa posição defensiva, tendo muito próximo, à retaguarda, um rio, no qual infelizmente vieram a perecer muitas praças, graduados, e oficiais entre os quais o próprio comandante, de quem mais tarde ouvi fazer elogiosas referências.
A situação, para a vila de Quelimane, não podia, pois, ser pior, visto terem sido completamente desbaratadas nas suas proximidades, em Nhamacurra as melhores tropas de que se dispunha e não haver facilidade em imediatamente se concentrarem em Quelimane as fôrças necessárias para se poder resistir, com vantagem, a qualquer ataque dos alemães, que se encontravam cheios de audácia com a grande vitória que acabavam de alcançar.
Propriamente na vila do Quelimane encontravam-se tropas em número tam reduzido que V. Ex.ª se viu forçado a mobilizar os civis.
Da guarnição do cruzador Adamastor, que se encontrava fundeado no pôrto, apenas podiam desembarcar 30 praças. Na vila encontravam-se, porém, bastantes europeus e suas famílias e existiam muitos valores de toda a espécie, que era preciso salvar a todo o custo.
Eu lembro-me bem da preocupação de V. Ex.ª em pôr a salvo as senhoras e crianças europeias do qualquer possível violência por parto dos askaris alemães se conseguissem penetrar na vila.
Foi então que foi convocada a conferência que se realizou no Palácio do Govêrno e a que alude o documento publicado.
Nessa conferência, a que V. Ex.ª presidiu e a que eu assisti, tomaram parte todos os oficiais superiores ingleses e portugueses constantes da acta que eu lavrei.
A todos os presentes foi dado conhecimento da situação e de quatro quesitos a que deviam responder com a maior precisão e concisão.
O primeiro oficial a emitir a sua opinião foi o falecido major de infantaria Feijó Teixeira, que declarou que, não havendo fôrças em Quelimane necessárias para a defesa, entendia mais conveniente o retirarem elas em Direcção oposta à do inimigo para não se sujeitar a vila a ser bombardeada e reunirem se a outras forças para então se atacar os alemães, isto é. respondeu afirmativamente ao 4.º quesito apresentado.
Êste oficial foi convidado a emitir a opinião em primeiro lugar por se encontrar desempenhando as funções de encarregado do govêrno do distrito.
Seguiram-se os oficiais ingleses que declararam que em caso algum retirariam. O comandante do cruzador Adamastor, capitão de fragata Nuno de Campos, emitiu parecer idêntico ao do major Feijó Teixeira.
Todos os mais oficiais tanto da marinha como do exército, incluindo eu, embora reconhecessem que de facto os efectivos eram muito reduzidos, foram contudo de opinião que sé devia resistir e só se retirar quando a situação o exigisse. Era pois quási unânime o parecer de todos os oficiais presentes, de que se devia resistir.
V. Ex.ª, meu Exmo. general, que assim tinha acabado de saber o resultado da consulta feita aos seus subordinados mais graduados, não tinha mais do que, como muito bem o fez, determinar as medidas necessárias para a defesa e as indispensáveis providências para pôr a coberto mulheres, crianças e haveres de toda a natureza.
Todas estas medidas foram de facto tomadas de acôrdo comigo numa sala contígua àquela em que se realizou, a conferência, e só depois de elas bem assentes foram comunicadas aos oficiais presentes.
Não houve portanto da parte de V. Ex.ª a mais leve manifestação de receio, nem V. Ex.ª durante a conferência proferiu qualquer frase donde se pudesse depreender ser intenção sua abandonar a vila de Quelimane.
Faça-se ao menos a justiça de acredi-