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Sessão de 5 de Julho de 1923
Eu já tive ocasião de dizer nesta Câmara em resposta a um ilustre parlamentar do partido nacionalista que nunca pensei em governar assim.
Àpartes.
O Sr. Cunha Leal, com a lealdade que o caracteriza e conforme a sua consciência, disseque eu não pratiquei violências, mas que as tinha tolerado.
Se fizesse a história dos acontecimentos políticos passados, eu apresentaria factos, mas tenho outras responsabilidades que S. Ex.ª, e não posso acender questões; eu apresentaria argumentos contrários, e faço justiça de reconhecer que o Sr. Cunha Leal citou factos que não conhece, mas que referiu porque lhos foram contar, como os pedidos de votos, sôbre o que muito poderia dizer.
Àpartes.
O Sr. Cunha Leal (interrompendo): — Nós não pedimos a correligionários de V. Ex.ª que votassem em nós. Só pedimos que as autoridades não vexassem os nossos correligionários e que mantivessem a neutralidade.
Àpartes.
O Orador: — Haveria muito a dizer, mas não podemos agora fazer a história dos factos, numa sessão prorrogada, e quando há muitos assuntos de importância, não devemos ocupar-nos com casos de somenos importância.
Àpartes.
O Sr. João Bacelar (interrompendo): — Se V. Ex.ª quere aludir aos acontecimentos de Coimbra, convido V. Ex.ª a referi-los à Câmara.
Àpartes.
O Sr. Cunha Leal (interrompendo): — O que nós continuamos a exigir de V. Ex.ª é que não permita que republicanos vexem republicanos.
Apoiados.
Àpartes.
O Orador: — Pensem S. Ex.ªs o que quiserem, mas não vou fazer história larga neste capítulo, porque entendo que nesta hora não a devo fazer; faça-a quem quiser, mas, Sr. Presidente, desde que se discutem actos meus, natural é que tenham para comigo a mesma atenção que eu tive, ouvindo-me para que eu possa dizer da minha justiça.
Àpartes.
Eu penso de certa maneira e não tenho a coacção a que se referiu o Sr. Cunha Leal.
Àpartes,
No congresso do meu partido eu tive demonstrações de amizade e de apoio em harmonia com os serviços que tenho consciência de ter prestado.
Àpartes.
O Sr. Cunha Leal (interrompendo): — Se V. Ex.ª tem gratidão pelas provas de consideração que recebeu no Congresso do seu partido, não sei qual a gratidão que deve ter para comigo, pela forma como o interpelei.
Apoiados.
Àpartes.
O Orador: — Referiu-se ainda o Sr. Cunha Leal a uma criatura que se levantou contra mim no congresso do meu partido. E sabe V. Ex.ª porquê? porque o demiti por não ter querido cumprir uma sentença do Tribunal Administrativo.
Mas, afinal, que ligação tem o que se passou com a política de gabinete?
Não acompanho algumas considerações do Sr. Cunha Leal por que me sentiria deminuído se o fizesse.
Eu tenho sempre esquecido agravos, a minha atitude tem sido a congraçar e não perseguir republicanos, como disse o Sr. Cunha Leal; repito, lamento a acusação de S. Ex.ª e não o acompanharei na sua argumentação.
Com respeito ao regime tributário, já S. Ex.ª verificou que era muito fácil trazer propostas ao Parlamento, mas muito difícil levá-las aprovadas.
Se eu tivesse feito perseguições políticas, nem eu aqui estava, nem se teria realizado a obra que S. Ex.ª hoje critica.
No movimento de 19 de Outubro vários problemas ficaram em equação porque os homens acusados de criminosos foram presos; nada mais foi possível fazer de que verificar que os processos estavam conclusos.
O que eu quis foi que se restabelecesse um estado de cousas aceitáveis.