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Diário da Câmara dos Deputados
Eu sabia que tinha traçado um caminho que ou era o meu gabinete no Ministério ou a Morgue; pois nada receei e não arrepio o caminho que tracei.
E alguma cousa eu tenho feito.
Eu bem sei que os govêrnos não se constituem simplesmente para isso; mas a verdade é que isso é essencial para qualquer Govêrno.
E preciso procurar aquele. ambiente indispensável para que se possa trabalhar, e êsse ambiente tenho-o conseguido, mercê, é claro, da cooperação do Parlamento, porque sem o Parlamento não sei viver e nada tenho feito sem autorização do Poder Legislativo.
O Sr. Cunha Leal: — E sem nenhum traço de ditadura!...
O Orador: — V. Ex.ª pode ter as opiniões que entender, evidentemente; e tem até inteligência bastante para conseguir arranjar argumentos que sirvam a todas as opiniões que quiser ter. É uma questão de inteligência.
Sr. Presidente: quais foram as condições em que o Sr. Cunha Leal tomou conta do Poder, com o prestígio bem merecido que deriva do seu carácter e do sou amor à República?
S. Ex.ª estava numa situação, em que podia até publicar no Diário do Govêrno o que quisesse, porque tinha o acôrdo de todos os partidos.
O Sr. Cunha Leal: — Peço desculpa a V. Ex.ª, mas eu, como todos os outros Ministros, algum dos quais, eram partidários de V. Ex.ª, demos a nossa palavra de honra de que não faríamos ditadura.
O Orador: — Eu sei perfeitamente o que fizeram os meus Correligionários.
A verdade, porém, é que V. Ex.ª encontrava-se em condições excepcionais de poder constituir o Govêrno como quisesse, e não o fez.
Como quere V. Ex.ª, portanto, que eu estando em circunstâncias muito mais apertadas e não precisando de dar a palavra de honra a mim mesmo...
O Sr. Cunha Leal (interrompendo): — V. Ex.ª não deu a palavra de honra para faltar a ela.
O Orador: — Que culpa tenho eu de que o Parlamento vote cousas que não são da iniciativa do Govêrno?
Nunca fiz ditadura de espécie nenhuma.
Bem ou mal, eu tenho tido até agora o máximo ré?peito até pelos meus antagonistas.
Quais as perseguições que esto Govêrno tem feito à Igreja?
Nenhumas, o ninguém pode afirmar o contrário.
O que eu não posso consentir, nem o consentirá o meu ilustre colega da Justiça, é que os católicos se sirvam da religião como arma política.
Isso não! Não e não!
Nunca os católicos recorreram à minha pessoa que não me encontrassem a seu lado, quando alguém os quere vexar ou perseguir.
Para afirmar que eu separei do meu Govêrno um Ministro por êle ter querido cumprir, uma parte do programa ministerial, é preciso falsear as minhas intenções.
Não é nobre dizer-se semelhante cousa.
O Sr. Cunha Leal: — A política não é nobre quando se diz o que V. Ex.ª está dizendo.
O Orador: — Eu creio que não tenho correspondido nas minhas considerações às palavras violentas e por vezes destituídas de verdade que o Sr. punha Leal proferiu.
O Sr. Cunha Leal: — Diga V. Ex.ª claramente quando é que eu disse- qualquer cousa que não corresponda à verdade e não faça revestir a verdade com o manto da mentira para me dizer que sou eu quem mente.
Trocam-se vários àpartes.
Sussurro.
O Orador: — Sr. Presidente: não me compete a mim manter a ordem Resta sala mas a V. Ex.ª, que certamente a saberá fazer restabelecer.
Afirmo e continuo a afirmar, falo com calor, mas sei bem o que digo, não admito que ninguém me interrompa, porque não se pode discutir em diálogo, e quando eu faltar ao respeito a qualquer das pes-