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Diário da Câmara dos Deputados
feitamente humano — e o que diria dum comissário, diria doutro, porque ambos são meus amigos antigos — que pusesse em relevo as obras feitas por essas pessoas. Mas não me podia esquecer -da situação da política portuguesa que atravessei com Norton de Matos, e o que vi, de sacrifício da sua parte por motivo da nossa intervenção na guerra. Tem defeitos S. Ex.ª? Tem, como todos nós. É audacioso? É, mas tem muitas qualidades.
Pus, por isso, em relevo todo o seu trabalho de administração pública, para defender os interêsses do Estado.
Notei o seu desejo de conseguir que a Companhia dos Diamantes dêsse uma importante renda ao Estado. E, estando na tela da discussão a situação internacional que nós temos como povo colonial, e tendo essa situação a má vontade de certas pessoas que não são portuguesas, que nos têm acoimado de esclavagistas, eu pus em relevo uma sério de providências tomadas pelo Alto Comissário com referência à sua acção no sentido de evitar que prosseguisse a discussão no estrangeiro a êsse respeito principalmente no que se referia à sua colónia.
E, encontrando dois documentos públicos, que eu não forjei, correspondentes àqueles diplomas que aqui se incluem no Diário do Govêrno, e notando os seus considerandos e sabendo que ainda a êsse respeito no estrangeiro se quere continuar a vilipendiar o nome português, era lícito que, sabendo quantas cousas se dizem a respeito de S. Ex.ª que não correspondem à verdade, referisse à Câmara os termos dêsses diplomas e o castigo que o Sr. Alto Comissário tinha dado a um administrador de circunscrição, a sargentos e outras pessoas, acusados de engajar cipais. Disse, então, que nunca as mãos lhe doessem ao fazer destas acções.
Ora eu não posso acreditar que um Alto Comissário da República, em documentos desta natureza, diga qualquer cousa que não corresponda à verdade, e se alguém tinha a reclamar podia fazê-lo junto de S. Ex.ª, porque êle é responsável pelas suas acções.
Nunca desejei colocar mal os homens; não sou eu que invento os factos, estão relatados em portarias.
Trocam-se àpartes.
O Orador: — Sr. Presidente: continuo a dizer que não é natural que um Alto Comissário fôsse publicar uma portaria nos termos em que essa foi publicada, sem que houvesse qualquer cousa que realmente lhe imprimisse carácter. Custa-me acreditar que alguém em tam alta situação publicasse essa portaria, de mais a mais num momento em que somos vilipendiados no estrangeiro, sem ter o cuidado, que se deve ter, em pôr o nome por baixo de um documento desta natureza.
Aqui tem V. Ex.ª a razão, de resto absolutamente justificada, por que eu defendo um homom de tam alta categoria, um Alto Comissário que até forma à direita dos Ministros das Colónias quando os visita.
Sr. Presidente: outra lacuna houve na minha exposição: foi a referente a Transportes Marítimos. Realmente esqueceu-me de responder sôbre êsse assunto ao Sr. Cunha Leal, ainda que sôbre êle só tenha a dizer o seguinte: as responsabilidades dos actos praticados no que se refere à direcção dos Transportes Marítimos do Es Lado não pertencem a êste Govêrno, a não ser o desejo de chamar à responsabilidade quem delinqúiu.
E folgo bastante em poder afirmar à Câmara, sem receio de ser desmentido, que as. campanhas de imoralidade com que se pretendia afectar a República e os seus Govêrnos se modificaram, devido ao facto de êste Govêrno ter chamado aos tribunais grande número de delinquentes.
Estranhou o ilustre Deputado Cunha Leal que eu não lhe dêsse uma resposta diversa daquela que lhe dei relativamente ao problema das reparações.
O que eu não sabia, Sr. Presidente, era que S. Ex.ª o Sr. Cunha Leal se admirasse dessa resposta; o que eu não sabia era que S. Ex.ª exigia que lhe dêsse outra, no que se refere à fixação do algarismo que representa a dívida da Alemanha aos aliados, no que se refere ao estado de pagamento.
O que eu desejava preguntar à Câmara e muito especialmente ao ilustre Deputado Cunha Leal é se isso depende do Portugal, ou do Conselho Supremo das Nações, onde cinco nações podem emitir a sua opinião.
Eu, Sr. Presidente, devo dizer franca-