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Diário da Câmara dos Deputados
peito do raid Lisboa-Macau, que êle foi autorizado em Conselho de Ministros, que delegou na minha pessoa toda a fiscalização do mesmo e ainda o conhecimento das vantagens que êle traria para o país e suas possibilidades práticas de realização.
De harmonia com estas grandes responsabilidades que sôbre mim pendiam eu quis em primeiro lugar averiguar das possibilidades práticas de tal raid e, para êsse fim, mandei ir ao meu gabinete a comissão técnica de aeronáutica.
As suas informações deixaram-me tais dúvidas sôbre as possibilidades da sua realização, que eu não quis permitir o raid sem que novamente levasse o assunto a Conselho de Ministros.
É o que há sôbre êste assunto.
Relativamente à interpelação devo dizer que já me dei por habilitado a responder a ela.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. António Maia (para explicações): — Sr. Presidente: agradeço ao Sr. Ministro da Guerra as informações que me deu, mas não quero deixar de chamar a atenção da Câmara para uma contradição que é interessante.
Tendo eu tomado conhecimento da opinião de todos os membros, à excepção de um ou dois da comissão técnica de aeronáutica acêrca do raid Lisboa-Macau, por todos êles foi incitada na minha presença, com excepção de um, a execução dêsse raid, admira-me, por conseguinte, e reconheço que isso é bem um sintoma do, que é o nosso exército actualmente; que êsses. oficiais, tendo-se manifestado favoráveis a êsse raid na minha presença, diante do br. Ministro da Guerra dissessem que não havia possibilidades práticas de ir pelos ares até Macau.
A êste respeito não quero entrar em detalhes porque em tempo oportuno falarei.
Limito-me, pois, a frisar à Câmara esta dualidade de opiniões, que é interessante.
Quanto à interpelação, visto que o Sr» Ministro da Guerra já se deu por habilitado a responder-me, eu pedia a V. Ex.ª, Sr. Presidente, que consultasse a, Câmara sôbre se permitia que ela fôsse marcada para uma das próximas sessões no período de antes da ordem do dia.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Alberto Jordão: — Sr. Presidente: eu solicito a atenção do Sr. Presidente do Ministério para as ligeiras considerações que vou fazer e que são as seguintes:
O ano agrícola está na sua fase mais intensa e de dispêndio por parte dos lavradores, e o que é verdade é que, apesar de se saber isso, por parte do Govêrno não têm sido tomadas medidas que, de qualquer maneira, auxiliem a agricultura nacional.
Apoiados.
Já há dias tive ocasião de chamar a atenção de V. Ex.ª e da Câmara, bem como a do Poder Executivo, para o facto de não ter ainda sido publicada a tabela respeitante aos trigos, e outros Srs. Deputados já depois de mim fizeram a mesma cousa. O que é certo, porém, é que o dia 10 já passou e a tabela não apareceu e graves perturbações de ordem económica resultaram de aí.
Mas há mais! Não só a alta lavoura, mas o mediano agricultor e ainda mais o pequeno seareiro das regiões alentejanas, estão a lutar com imensas dificuldades por falta de numerário. Não há dinheiro naquelas regiões para fazer face às despesas das ceifas e das debulhas.
Eu estou absolutamente certo, por informações fidedignas que possuo, que os bancos, na sua quási totalidade, de nada dispõem; as caixas agrícolas estão desprovidas de dinheiro.
Nesta ordem de ideas, sendo costume nas regiões alentejanas recorrer nesta altura do ano a êsses estabelecimentos em procura de dinheiro e não se encontrando facilidades de o conseguir, as consequências que de aí advêm são estas: o especulador está fazendo alto negócio, negócio que eu classifico de anti-patriótico e de exploração desta situação criada.
Há lavradores que têm vendido as suas searas por preço irrisório, e o trigo, por não haver tabela, já em certas partes se tem vendido ao preço de $80 o quilograma.
Se disto tudo resultasse algum benefício que não fôsse apenas para o especulador e intermediário, mas para o consu-