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Diário da Câmara dos Deputados
a sua consciência, recolhendo-se dentro dela, apesar de ouvir a condenação formal dessa política, e reconhecesse a razão dos seus reparos e críticas, um único caminho teria a seguir: abandonar aquele lugar.
Mas depois dó exame de consciência que serenamente fez, teve de reconhecer que da sua acção modesta mas sincera tem resultado exclusivamente a defesa dos interêsses da Nação perante o estrangeiro.
Apoiados.
Teve de chegar à conclusão de que não tem de arrepender da sua acção modesta, da sua modesta obra de Ministro. Transitoriamente ocupando aquela cadeira, alguma cousa tem feito que é proveitosa e útil para o país.
Apoiados.
Esta justiça, se é imodesto fazê-la a si próprio, é rudimentar justiça que todos os Deputados que quisessem apreciar a sua acção, e o quisessem fazer com boa disposição e benevolência para comigo não teriam deixado de o fazer.
Mas toda a política externa de dezassete meses a esta parte foi formalmente condenada.
Êle, orador, nada modificou da orientação do seu antecessor, que não foi atacada então, e fez uma política acertada.
Mas esta é agora considerada má!
Se, se tivesse feito uma política diferente, é natural que essa política diferente ainda tivesse alguma cousa de útil e proveitoso para o país, então seria explicável o ataque à sua obra.
Mas a política externa de dezassete meses para cá foi formalmente condenada.
Êle, orador, é levado a pôr as cousas nos seus devidos termos para que esta discussão chegue lá fora ao conhecimento do país.
Tem o dever e o direito de opor ao discurso do Sr. Cunha Leal uma resposta cheia de verdade, indiscutível verdade, bem como às considerações do Sr. Aires de Ornelas.
Qual era a política externa da República antes da sua subida ao Poder?
Era diferente da actual?
Êle, orador, já no Parlamento tem exposto as suas ideas sôbre alguns assuntos internacionais. E não o tem feito pelo prurido de falar.
A política externa de todos os países impõe reservas.
Na França fala-se sôbre a questão do Ruhr? Fala-se.
Mas êsse é o seu problema máximo; e não será lícito a nenhum govêrno ocultá-lo.
Êsse problema não pode ser tratado apenas no segredo das chancelarias. Mas é assim em tudo. A França não guarda reservas?
Para responder a estas preguntas, recordará à Câmara o que sucedeu há tempo a um altíssimo funcionário diplomático, homem de valor e prestígio, acusado de um descuido na resolução de um assunto reservado. Êsse funcionário sofreu a pesada pena de ser afastado imediatamente do serviço.
Há reservas que se impõem.
Ainda há dias o Sr. Poincaré, em resposta a umas interpelações que lhe dirigiram, pronunciou um discurso na Câmara dos Deputados francesa, no qual acêrca de política externa apenas entendeu que devia expor os pontos de vista da França sôbre as resoluções com o Vaticano e sôbre o problema das reparações.
No parlamento inglês, o Sr. Baldwin, na sessão de 2 dêste mês, interrogado sôbre as disposições do Govêrno relativamente à nota alemã de 7 de Junho, isto é, vinte e cinco dias depois, declarou o seguinte: que não podia fazer nenhuma declaração e que o Govêrno inglês tinha plena consciência das necessidades da situação, mas o que não podia era activar as cousas.
Interrogado em seguida por um deputado sôbre um facto relativo à comissão inter-aliada dos territórios renanos, o Sr. Baldwin respondeu que o desconhecia e que toda a discussão sôbre o assunto não podia ter no momento maior utilidade.
Os jornais noticiaram que se tem mantido o maior segredo sôbre as negociações entre Lord Curson e os embaixadores da França, da Itália e da Bélgica, sôbre as reparações e o problema do Ruhr.
Pois é decorrido mais de um mês sôbre a oferta da Alemanha em resposta à réplica inglesa, e ninguém tem protestado contra a política do silêncio que as circunstâncias às vezes impõem em toda a parte.