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Sessão de 4 de Agosto de 1923
O Sr. Alberto Jordão: — Sr. Presidente: de harmonia com o Regimento, começo por ler a V. Ex.ª e à Câmara a minha moção:
«A Câmara, convicta de que a acção do Govêrno e da maioria não justificam uma nova prorrogação de trabalhos parlamentares, que resultaria inútil e improdutiva, passa à ordem do dia. — O Deputado, Alberto Jordão».
Sr. Presidente: em presença dos factos, como consequência lógica das afirmações aqui feitas, afirmações cheias de verdade, como consequência lógica de todas as asserções que os ilustres oradores da oposição que me precederam no uso da palavra fizeram nesta casa do Parlamento, como resultado dos acontecimentos de ordem política das últimas semanas, e em virtude das acusações aqui feitas e nenhuma delas levantada portas a dentro, desta casa do Congresso — eu estava convencido ontem de que desnecessário seria usar da palavra, a não ser que quisesse fazê-lo para acompanhar o Govêrno à sua última morada, a fim de me associar às rezas dos ilustres deputados católicos, quando êles proferirem o de profundis, que aliás há muito tempo já para bem do País e da República deveria ter sido proferido.
Não há encadeamento lógico na nossa política, há uma insensibilidade que eu não compreendo (certamente porque sou debutante nos escaninhos da política); há uma insensibilidade, dizia eu como que doentia e que dá como consequência isto que observamos e que o País vê certamente admirado.
O Sr. Presidente do Ministério, e com êle quási todos os membros do Govêrno, são alvo de acusações, de referências justíssimas, contra as quais reagem mal, com meras palavras que nada significara o nem sequer demonstrativas são de um grande instinto de conservação pessoal; e, apesar de tudo isso, o Sr. António Maria da Silva continua sempre em pé e com êle o Govêrno, mais ou menos modificado.
Visto, portanto, que eu não sou chamado a usar da palavra para acompanhar o Govêrno na ocasião em que a pedra tumular deva tombar sôbre a sua acção política, vou enveredar pelo caminho de outras considerações que não sejam aquelas do panegírico devido a tam ilustre defunto, se defunto o Govêrno fôsse.
Ora, Sr. Presidente, eu sou o primeiro deputado a usar da palavra depois da sessão da madrugada que passou, e justamente por êsse motivo, porque sempre é conveniente cada um de nós dizer a razão por que marcou uma posição determinada, eu não quero deixar de aproveitar êste ensejo para dizer a V. Ex.ª e à Câmara qual a determinante do meu procedimento cêrca das três horas da madrugada de hoje.
Sr. Presidente: eu fiquei no número daqueles deputados que não estiveram dispostos a facultar ao Govêrno e à maioria, pela presença e portanto com o número, os elementos necessários para que êles fizessem vingar a proposta que está em discussão, pelo menos com aquela urgência e brevidade com que o desejavam realizar.
Eu procedi dentro da lógica.
Se me mantivesse neste lugar, suprimindo as lacunas da maioria, eu que vim aqui sujeitar-me a ouvir os Srs. Deputados a usar da palavra pela noite fora ou até onde fôsse, ou que não hesitei em deixar de cuidar de assuntos particulares importantes para aqui não faltar, justamente para honrar o meu mandato de deputado, não procedia com lógica.
Então eu que troquei as minhas comodidades de uma noite pela permanência aqui na Câmara, havia de prestar-me a estar alerta quando os Srs. Deputados da maioria em maior número estavam entregues a Morfeu ou outra qualquer divindade, como entendiam e como lhes agradava?!
Isso era exigir demais.
Apoiados das direitas.
Se o Govêrno e maioria tinham e têm desejo de fazer vingar a doutrina constante da proposta apresentada pelo Sr. Abílio Marçal, incumbe-lhes, antes de mais nada, virem aqui fazer número, cumprindo integralmente o seu dever de Deputados que apoiam um Govêrno que consta — consta! — que a maioria quere manter nas cadeiras do Poder.
Nós resolvemos há muito — o ilustre leader do Partido Nacionalista o disse em poucas palavras, mas com clareza — não