O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

12
Diário da Câmara dos Deputados
O Sr. Vitorino Godinho: — E o gesto da minoria nacionalista qual foi nesta questão? O de virar as costas.
O Orador (continuando): — A conduta da maioria, a quando dêsse incidente parlamentar, teve como consequência a ausência, durante um certo tempo, da minoria nacionalista. E a maioria aproveitou essa oportunidade para realizar a grande obra de transferir a sede da comarca de Almodóvar para Ourique. Estava salva a República depois dessa obra!
O Partido Democrático precisa de mais uma prorrogação depois disto tudo?
Sr. Presidente: tenho muita consideração por cada um dos homens que se sentam nas bancadas da maioria; tenho entre êles vários amigos. E eu sou daquelas pessoas que não empregam baldadamente a palavra «amigo» ou a palavra «inimigo», e só por isso é que não tomei A atitude adversa à admissão da proposta do Sr. Abílio Marçal.
A maioria não justificou a prorrogação da sessão e, conseqúentemente, a proposta que se discute.
A obra do Govêrno não justifica também o desejo manifestado pelo Sr. Presidente do Ministério para a prorrogação dos trabalhos parlamentares.
Vou agora encarar, embora ligeiramente, os problemas que estão pendentes e que interessam vivamente ao País.
De todos êsses problemas o mais interessante e o de maior actualidade é o problema da carestia da vida.
Eu pregunto o que é que o Govêrno tem feito até hoje no sentido de determinar uma situação mais desafogada às classes menos abastadas e que lutam com maiores dificuldades.
Eu pregunto a V. Ex.ª, Sr. Presidente, e pregunto à Câmara o que fez o Govêrno depois que se senta naquelas cadeiras? Como se tem conduzido o Govêrno desde que ocupa as cadeiras do Poder?
Todos os géneros de primeira necessidade estão sensivelmente mais caros; e no que respeita, por exemplo, à nossa situação cambial, dia a dia nos encontramos em condições mais graves.
Ontem o Sr. Fausto de Figueiredo fez referência à acção, do Sr. Ministro da Instrução Publica. Concordo com a maneira de ver do Sr. Fausto de Figueiredo.
O Sr. Ministro da Instrução Pública meteu-se no seu Gabinete, chamou os colaboradores que entendeu dever chamar, fazendo aquilo que qualquer homem público deve fazer: procurar as competências, saber escolhê-las, ouvir essas competências e socorrendo-se da sua inteligência, produzir depois uma obra.
S. Ex.ª efectivamente produziu uma obra que oportunamente há-de merecer as nossas referências, e, também, os nossos reparos.
Até aqui está, bem Sr. Presidente. Mas eu quero referir-me ao problema económico, ao problema financeiro, êsses que são de alcance máximo, êsses que toda a gente espera a todos os momentos ver resolvidos, e não há maneira de se ver cousa alguma feita nesse sentido.
Ainda que eu fôsse Deputado da maioria e me dispusesse a falar em favor do Govêrno que acolá se senta, ver-me-ia muito embaraçado para conseguir reunir quatro ideas, para juntar meia dúzia de frases ou proferir umas tantas palavras que fossem encomiásticas e de homenagem à obra desconhecida do Ministério do Sr. António Maria da Silva.
Eu sei, Sr. Presidente, que se acaso o Govêrno chamado a falar pela bôca de qualquer dos Srs. Ministros, especialmente do Sr. Presidente do Ministério, respondesse às minhas considerações, eu sei, repito, que o Sr. Presidente do Ministério ou o Ministro me responderia imediatamente que estamos, não no melhor dos mundos, mas aproximadamente; e nessa altura a maioria diria apoiado e depois o eco dêsse apoiado iria por aí fora até onde houvesse uma capelinha democrática.
Mas essa não é a opinião pública. A opinião pública sente diversamente do que pensa o Govêrno ou a maioria; e eu, se não fôsse português do coração, só não fôsse republicano que à República tenho prestado o máximo do meu esfôrço, eu pediria a todos os meus correligionários que aprovassem todas as propostas dos Srs. Ministros até o dia em que liquidasse esta República e possivelmente a Pátria.
Mas não, Sr. Presidente, eu entendo