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Sessão de 4 de Agosto de 1923
que é necessário opor um travão (e o travão somos nós, fazendo uma oposição patriótica), dizendo a S. Ex.ªs Que vão por mau caminho. S. Ex.ªs foram atacados de vertigem; mas é preciso que se lembrem que o País não é o Partido Democrático, que é mais alguma cousa.
Mas, Sr. Presidente, disse eu que a acção do Govêrno e da maioria tinham como consequência única, tinham apenas como resultado vermos os Srs. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças deminuírem-se politicamente e o Partido Democrático deminuir-se também na opinião republicana. Pelo que respeita pròpriamente aos Srs. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças, não me sinto satisfeito, porque a mim republicano é desagradável ver que republicanos não são tam úteis à Pátria como deviam ser.
Pelo que se refere à maioria democrática confesso que não me é agradável ver que uma fôrça republicana se deminue.
Mas é preciso ir mais além; é preciso, lembrar que a atitude da maioria e do Govêrno concitam para o regime más vontades de velhos republicanos e da chamada opinião pública.
Eu sei, Sr. Presidente, que nós aqui muitas vezes proferimos palavras que são recebidas com sorrisos por parte daqueles que não pensam como nós; pois eu digo aos sorridentes Deputados da maioria: estão V. Ex.ªs enganados com a opinião pública nesta altura. Vão por êsse país fora e preguntem se o regime tributário tem ou não sido motivo de perturbações e se tem ou não concitado más vontades para o regime republicano, e verão como todo o País está incompatibilizado com a sua acção de Govêrno.
E como não há-de ser assim, se o Govêrno que encontrou pendente a resolução de tantos assuntos não resolveu, por exemplo, o problema do funcionalismo público?
Tantas vezes nesta Câmara tem sido dito que repartições há onde os funcionários pululam, onde os funcionários nada têm que fazer! Conhecemos repartições onde nem expediente há, onde de manhã se lê O Século ou Diário de Notícias e donde os funcionários, passado o calor, saem tam virgens no trabalho como quando para lá entraram.
Sabemos tudo isto e sabemos muito bem que ao Govêrno ou à maioria não cabe o direito de ignorar todos êstes casos, devendo já tê-los resolvido, fôsse como fôsse, de maneira a dar satisfação ao País.
Sr. Presidente: mas se assim é, está justificado plenamente aquele principio que eu anunciei quási no início das minhas considerações, ou seja o segundo ponto que me propus demonstrar perante V. Ex.ª, e da qual concluo, de uma forma absolutamente contrária ao ponto de vista da maioria, de forma que tenho arreigadamente esta convicção: que se prolongarmos os trabalhos parlamentares, permitam-me V. Ex.ªs esta maneira de dizer, com tal gente não valerá a pena.
Sr. Presidente: estando eu no uso da palavra não quero, não devo deixar passar esta ocasião sem dizer ao Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior, que é inegavelmente uma pessoa muito simpática, até mesmo para nós da oposição, que S. Ex.ª tem como norma da sua vida política determinadas habilidades, que consistem mais ou menos no arrastar, das questões, no guardar para amanhã, sempre convencido que da demora na sua resolução resulte essa mesma resolução. De maneira que, Sr. Presidente, eu pregunto a V. Ex.ª e pregunto à Câmara o que é que o Sr. Ministro do Interior tem feito quando nós da oposição nacionalistas reclamamos justiça, quando protestamos contra a conduta incorrecta, por vezes desvairada dos seus correligionários por êsse País fora?
Eu pregunto, Sr. Presidente, se acaso podemos dizer com verdade que uma vez única o Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior se resolveu a encarar de frente a reclamação, que qualquer político republicano lhe apresentasse?
Às nossas palavras de indignação o Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior, no seu habitual gesto que lhe conhecemos, profere determinadas palavras, faz certas afirmações, verdadeiros jogos malabares, e dentro em pouco desaparece, transpõe os humbrais do esquecimento, só o não esquecendo os vilipendiados.
Mas é justamente em virtude dêsse procedimento que o Sr. Presidente do Ministério e os ilustres correligionários de S. Ex.ª têm tripudiado por êsse país fora, sôbre todos aqueles que correligionários não são.